João Pessoa, 17 de junho de 2016 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Não vou ao cinema para comer pipoca. Vou ao cinema para assistir a um filme. E me impressiona muitíssimo como o mercado capitalista consegue associar uma sessão de cinema ao consumo de alimentos e bebidas.
O sorver dos canudos e o craquear mastigatório alheios dão-me nos nervos durante uma sessão de cinema. Sou um chato mesmo! E admito que sou incapaz de conversar e até namorar durante uma sessão…
Ainda assim, comemorei demais a decisão da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que garantiu o ingresso de consumidores em cinemas com produtos iguais ou similares aos vendidos nas dependências do estabelecimento.
Na prática, não seremos obrigados a comprar comes e bebes nos quiosques/lanchonetes das empresas de cinema nos shopping centers. Os adeptos da comilança poderão levar seus mantimentos de casa mesmo.
Obviamente, o empresariado já vociferou um contra-ataque: deverá aumentar o valor dos ingressos para compensar a possível queda na receita advinda da negociação de guloseimas. Pior para mim, que prefiro nada comer nem beber. Ainda assim, comemoremos a derrota da opressão capitalista embutida na venda casada.
Por maioria, os ministros mantiveram decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). Em caso de descumprimento da decisão, a multa a ser aplicada é de R$ 30 mil. O ministro relator do recurso no STJ, Villas Bôas Cueva, destacou em seu voto o quão nociva é aos consumidores a ‘venda casada’ praticada pelas empresas de cinema.
Em tempo: olho o calendário e vejo que este domingo, dia 19, é o Dia do Cinema Brasileiro. Assistirei a alguns filmes e comerei um pouco de pipoca… depois da sessão. Porque cinéfilos têm fome de cinema. Não de pipoca.
OPINIÃO - 22/11/2024