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Reportagem especial

A “criatividade” nos presídios paraibanos

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publicado em 09/12/2018 ás 18h02
atualizado em 10/12/2018 ás 08h15

Visitante tenta entrar no presídio com ovoc recheados de maconha (Foto: divulgação/sistema penitenciário)

Nesta última semana, uma mulher foi presa por tentar entrar com porções de maconha escondidas dentro de ovos em na cadeia pública da cidade de Sapé. Uma outra suspeita foi flagrada com maconha dentro do almoço, no PB-1, também tentando levar a droga para um detento.

Na Paraíba, já houve casos de apreensão de entorpecentes escondidos na sandália, na fralda do bebê, nas partes íntimas, no feijão preto. A forma como acontecem as tentativas de entrada varia, mas uma coisa é fato: drogas são constantemente apreendidas pelos agentes penitenciários nas cadeias paraibanas.

Drogas localizadas dentro de frango no PB-1.

Na maior parte das situações, as mulheres realizam o serviço de entrada das drogas. Costumam ser esposas dos presidiários, mãe, irmã. O interesse quase nunca é pessoal. Segundo o secretário de Administração Penitenciária, Sérgio Fonseca, em muitos casos as familiares são ameaçadas e, obrigadas, se submetem à ação criminosa.

“Muitos desses presos quando entram no sistema penitenciário já vêm com vícios e querem entrar com droga de todo jeito, aí acabam pressionando para que os familiares tragam”, explicou ao Portal MaisPB.

Aparelhos eletrônicos

Apesar da frequente tentativa de entrada nas cadeias da Paraíba, as substâncias tóxicas perdem para telefones móveis e seus acessórios, que são muito mais enviados – e apreendidos nas unidades.

De acordo com os dados da Gerência de Inteligência e Segurança Orgânica Penitenciária (Gisop), em 2017 foram apreendidos 1661 celulares, além de 1.393 baterias e 887 chips.

Somados, os números de facas e outras armas brancas no ano passado chegam a 251 apreensões. Quase 300 espetos, espécie de arma artesanal, também foram encontrados.

Atualmente, a maior dificuldade tem sido apreender os drones que tentam burlar a segurança das unidades prisionais. Segundo Fonseca, os equipamentos são ‘lançados’ durante a madrugada, o que dificulta a identificação e apreensão. Em 2018, três destes veículos aéreos não tripulados foram abatidos, mas muitos outros não foram confiscados.

“Os únicos que capturamos foram os que abatemos, mas é muito difícil fazer um disparo de precisão para abater o drone”, justifica.

Os drones são usados quando a cadeia fica afastada da zona urbana, mas em casos onde a comunidade tem acesso às proximidades da cadeia, costumam arremessar materiais – o que facilita a identificação.

Excetuados os casos dos drones e arremessos, as apreensões são feitas principalmente durante o comum processo de revista. Na Paraíba, o secretário conta que scanners são usados para impedir que materiais ilícitos cheguem até os apenados no PB-1, a penitenciária de Cajazeiras, presídio do Róger, Silvio Porto e Serrotão, que são as principais unidades.

Scanner 

Em alguns presídios, é usado o scanner de bagagem, como no aeroporto. O scanner corporal, recurso existente em poucas cadeias do Brasil, mostra todos os objetos que estão escondidos na roupa ou no corpo do visitante.

Quando flagrado tentando entrar com droga, celular, ou qualquer outro objeto proibido, o visitante é preso e encaminhado para a delegacia. Dependendo do material, ele é autuada e permanece preso até a audiência de custódia, que pode determinar a manutenção da prisão.

Em 2016, 4.424 tentativas foram registradas, número um pouco abaixo de 2017, quando houve 4.627 casos. Apesar de solicitados, os números de 2018 não foram divulgados pela Secretaria de Administração Penitenciária da Paraíba.

Caroline Queiroz – MaisPB