João Pessoa, 03 de março de 2011 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Não foi uma conversa demorada, mas suficiente para captar lances reveladores. Via telefone celular, interceptei o ex-deputado major Fábio, principal liderança do movimento grevista da PM paraibana. Um contato que nasceu da obrigação jornalística de ouvir com equidade o outro lado dessa novela.
Mesmo por telefone, notei um homem emocionalmente abalado.. Percebi no major a sensação de adrenalina constante e em alguns momentos um timbre que revela angústia, sentimento até natural num processo altamente desgastante e com repercussão imediata na vida de um povo e de uma categoria.
De pronto, o ex-deputado descartou motivações políticas na sua peleja contra o Governo do Estado, apesar de ter se lançado candidato a prefeito de João Pessoa. “Que estratégia é essa de sair do lado do governador”, indagou o major, acrescentando que a lógica seria virar secretário, insinuando ter recebido suposto convite do Governo.
Fábio sustenta que está engajado em defesa do reajuste para os policiais por convicção pessoal e profissional. “Eu dediquei minha vida à Polícia”, explicou. Instigado a falar sobre suas questionáveis declarações, ele refutou a pecha de terrorista. “Eu sou um homem cristão. Quem me conhece sabe quem eu sou”.
No olho de um furacão, o major confessou que vez por outra fica abalado. “Eu me ajoelho e choro”, desabafou. O ex-deputado diz que tem dificuldades de suportar as críticas e repúdio dos adversários e da mídia. “Querem passar por cima de mim como um trator”. Se acha vítima de interpretações equivocadas decorrentes de seu estilo agitado e extremista em certos instantes.
Da minha parte, acho que o major Fábio tem credencial para integrar o movimento, mas erra porque, ao invés de convidar o Governo para a negociação, exagera no tom e chama a Polícia para a guerra, quando os eleitores dele, de Ricardo, de Cássio e de Maranhão estão na verdade clamando pelo debate da paz.
A ilegalidade, a ausência e o gesto que faltou – Não demorou muito. Assim que provocada, a Justiça da Paraíba decretou a ilegalidade da greve da Polícia Militar. Talvez foi essa ‘certeza’ que levou o governador Ricardo Coutinho a ficar distante das negociações e a se manter inarredável na posição de não dialogar com o movimento grevista. Mesmo assim, deveria ter dado um gesto.
O esquecimento da PEC em Brasília – Por outro lado, o major Fábio também deveria dizer a opinião pública porque se ausentou das lutas pela aprovação da PEC 300 em Brasília. Como ex-deputado e figura emblemática dessa causa, tem legitimidade para lutar pela votação no Congresso.
Uma pitada de coerência não faz mal – Seria muito bom se as bravatas que ouvimos de certos parlamentares federais em defesa da PEC se repetissem na Câmara e no Senado. A bancada aliada à Dilma bem que poderia pressionar o Governo Federal a criar o fundo da PEC no país.
Sem acordo – Na reunião de ontem à noite, os secretários se recusaram a fazer contra proposta à “cópia” da PEC. Na mesa de negociação, avisaram: o Governo só pode discutir reajuste em outubro.
Alerta – Do presidente da Caixa Beneficente da PM, Maquir Cordeiro. “Decretar a ilegalidade é uma forma desastrosa de por fim ao movimento. Ninguém motiva a Polícia por decisão judicial”.
Folia eleitoral – Após 25 anos de Muriçocas, o mestre Fuba conhece mais do que ninguém o assunto. Garante que a presença mais marcante dos políticos se dá quando o desfile coincide com as eleições.
Nenhum interesse – O vereador Pimentel Filho (PMDB), de Campina Grande, contacta a coluna para assegurar que jamais pleiteou nos bastidores a indicação para presidência da Comissão de Finanças.
Sangria desatada – Doda de Tião é o segundo deputado do PMDB a a aderir ao governador. Enquanto a bancada se dilui, Maranhão concentra as energias na luta por um cargo na Caixa Econômica.
Oposição – Já André Gadelha não quer saber do provérbio “nunca diga nunca”. Ele revela torcida pelo êxito do Governo, mas descarta qualquer aproximação. “Fui eleito para ser Oposição”.
Nos tribunais – O ex-secretário de Finanças, Marcus Ubiratam, tem revelado a amigos mais íntimos que, após catalogar todas as denúncias de ‘rombo’, processará os responsáveis pelas acusações.
Cara pintada – Aníbal Marcolino (PSL) subiu de vereador para deputado, mas vez por outra é acometido do mesmo radicalismo que marcou sua passagem na Câmara. Quer impichar Ricardo Coutinho.
Muriçocando – A Câmara de João Pessoa não perde o estilo. Só quatro parlamentares apareceram para trabalhar ontem. Os vereadores aproveitaram o clima de Muriçocas e decidiram voar mais cedo.
Veto – Ao Correio Debate (rádio), Marcus Henrique (presidente) justificou a posição contrária do Sindicato dos Bancários à nomeação de Maranhão. “Tememos a reedição de um terceiro turno”.
PINGO QUENTE – “O bloco que passar na frente eu pulo. É carnaval. Vale tudo”. Do eclético vereador pessoense João dos Santos (PR), admitindo brincar nos blocos de Agra, Cícero ou Maranhão.
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