João Pessoa, 17 de fevereiro de 2011 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Sempre tive o professor Francisco Jácome Sarmento na conta de um sujeito equilibrado, além de especialista respeitado. Não sabia que a despedida do Governo, por onde passou longos anos, tinha roubado sua humildade, respeito à imprensa e nem muito menos que uma notinha sem qualquer acusação lhe fizesse perder as estribeiras.
Só conheci o outro lado de Sarmento ao abrir a caixa de e-mail ontem. Irado, o ex-secretário enviou direito de resposta à nota da coluna de terça-feira, onde informei tão somente que o então ex-gerente do PAC não quis comentar denúncia de pagamento irregular de R$ 7 milhões e repassou essa incumbência ao ex-presidente da Cagepa.
Na carta, ele explica que a execução financeira do PAC é de responsabilidade da Cagepa, a contratante e responsável legal pelo ordenamento de despesas e fiscalização das obras. “Meu trabalho, enquanto estive respondendo pela gerência do PAC, nunca extrapolou a esfera técnica, na qual ajudei a desobstruir o caminho para que as obras fossem executadas”, diz Sarmento.
E mais: “Afirmo que não será o senhor quem irá me envolver no teatro montado para a assunção de cada novo governo. Não careço de nenhuma lição sobre como funcionam os mecanismos motrizes de setores da mídia paraibana, os quais, quando alçados à triste condição de mera esteira dos interesses da fonte de sua sustentabilidade econômica, não hesitam, via “profissionais” bem mais inescrupulosos do que competentes, em alimentarem com o nome de pessoas honradas as fogueiras dos estratagemas eticamente pútridos que engendram”.
Depois de agredir o “inescrupuloso” colunista e este Sistema, retratado como “setores da mídia paraibana”, intimida: “Advirto-o: Não envolva meu nome nesse jogo. Retrate-se, caso contrário, cobrarei na justiça, a partir de agora, toda e qualquer menção indevida e ofensiva ao meu nome”, ameaça Jácome, sem reservar uma linha para defender das graves acusações o Governo a quem serviu. Imaginem se as famílias das vítimas de Camará reagissem com a mesma ira de Francisco Sarmento…
O espetáculo, o barulho e o terceiro turno – O mérito da sessão especial de ontem na Assembléia foi totalmente ofuscado. Os parlamentares de ambos os lados perderam o prumo e reeditaram os embates da campanha passada. O tom das acusações mútuas levou qualquer cidadão das galerias a jurar que estava assistindo um flashback da última campanha eleitoral.
Empatados – O saldo da sessão foi dois pedidos de CPI’s defendidos pelas bancadas da Oposição e governista. André Gadelha (PMDB) quer uma Comissão para apurar as demissões feitas pelo atual Governo. Lindolfo Pires (DEM) sugeriu a CPI das Gratificações.
Briga das saias – O entrevero entre a secretária de Finanças, Aracilba Rocha, e a deputada Daniella Ribeiro (PP) roubou a cena. Acossada por Ará, a ‘bela’ chamou a secretária de destemperada, que devolveu: “ela andava comigo no ônibus de Ricardo”.
Nepotismo, não– A procuradora Selda Maia diz ter sido convidada e nomeada por Rodrigo Carvalho no Detran, que é uma autarquia, e não por Gilberto Carneiro. Isso, segundo especialistas consultados, já afasta o nepotismo cruzado. Gilberto Carneiro é apenas um, dos mais de duas dezenas de secretários nomeados por Ricardo Coutinho. Das duas uma: Ou se está superestimando o poder de um único secretário, ou se esta ampliando o conceito de nepotismo cruzado.
Demissão – Ao contrário do que andou sendo noticiado em alguns sites, a bloguista Celeste Maia, filha do presidente do TRT, não foi nomeada para Cagepa. Pelo contrário, ela foi demitida no governo Ricardo Coutinho.
Cheque Funeral – Tudo bem que a memória dos mortos deve ser respeitada, mas nem por isso o Estado poderia se dar o luxo de pagar a 71 defuntos. Ao menos que tenha sido um seguro vida eterna.
Cheque Nostalgia – Segundo o secretário Gilberto Carneiro, o Governo Maranhão III também prestava solidariedade a 44 paraibanos que moravam no exterior, mas não esqueciam a velha Paraíba.
Cheque Garparzinho – Grupo de 650 ilustres paraibanos figurava na folha de pagamento, sem sequer se dar ao trabalho de pelos menos aparecer nas repartições para assinar a folha de freqüência.
Cheque Engorda – Ainda segundo o secretário, 200 servidores eram contemplados mensalmente com gratificações superiores a R$ 6 mil. Certamente prestavam relevantes e insalubres serviços.
Cheque Autodidata – Mas a última informação é de extasiar. O Governo Maranhão III pagava a distintos funcionários salários iguais aos dos secretários. Muitos sequer passaram perto de uma faculdade.
Mosca na sopa – O deputado estadual Toinho do Sopão (PTN) se superou. No auge do debate das demissões, o folclórico parlamentar apelou pelo conserto de uma torneira no banheiro do Palácio.
Entre aspas – “Não existe independência. Existe o muro”. Do secretário de Governo, Walter Aguiar, para quem a bancada do PT se revelou mais Oposição do que o PMDB.
Reprodução do Correio da Paraíba
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