João Pessoa, 05 de junho de 2015 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
A corrupção no Brasil é orgânica. De tão arraigado no cotidiano, pode-se dizer que está no gene da formação do nosso povo. A sua presença na política é conseqüência, mas, como se sabe, não fato isolado. Ela está no trânsito, na repartição pública, na fila do banco e até, infelizmente, na igreja.
A reforma política, tão comentada e clamada no momento, atende ao esgotamento do nosso sistema e a falência do atual modelo. Dificilmente, entretanto, por mais radical que seja, terá poder e antídoto para imunizar o erário, orçamento e as verbas públicas das mãos dos gatunos.
Ao longo dos tempos, registram-se avanços. Os escândalos estouram hoje porque a sociedade construiu instrumentos de controle social e instituições como Ministério Público, Polícia Federal e Judiciário estão cada vez mais autônomas e antenadas com o sentimento de repulsa da sociedade.
Ao contrário dos entusiastas da defesa das alterações no Congresso, para quem tudo se transformará a partir do aperfeiçoamento das regras do jogo, penso que a principal reforma só ocorrerá com uma nova cultura, a começar pela mentalidade do eleitor, o que não é um processo fácil e nem rápido.
A corrupção foi mote ontem em São Paulo da Marcha Pra Jesus. Mais de 300 mil cristãos, pertencentes às denominações evangélicas, foram às ruas da capital paulista. No meio às falas contra o aborto e prostituição, temas bastante freqüentes nesses eventos, o furto ao dinheiro público ganhou lugar de destaque nas pregações.
Claro que o assunto entrou no rol das orações pelas recentes e aviltantes descobertas de bilionários desvios de verbas da Petrobrás, o caso da vez, objeto de investigação da PF e alvo de inflamável CPI na Câmara. A soma do rombo e a engenharia do crime revoltam até as mais passivas das ovelhas.
De norte a sul do País, da Esplanada dos Ministérios às câmaras de vereadores, é tanta bandalheira que muito acham que o último recurso é ‘exorcizar’ e expulsar a casta de espíritos corruptos encarnada no Brasil. Sem forças sobrenaturais para tal, só resta, a quem crer, apelar mesmo a Deus.
Tiro… – Foi, no mínimo, curiosa a frase do engenheiro e representante do Grupo Marquise (CE), Sérgio Gonçalves, na audiência pública recente na Câmara Municipal de Cabedelo.
…No pé – Para justificar o atraso da construção do shopping, quase sempre adiado pelos deslizes do próprio Grupo, Sérgio soltou esta: “Nem sempre temos os órgãos ao nosso favor”.
Pela porta da frente – Desfrutando atualmente de relação cordial e administrativa com o governador Ricardo Coutinho, o deputado Rômulo Gouveia, presidente estadual do PSD, tem uma explicação para o clima amistoso entre os dois, mesmo após o rompimento político de 2014. “Eu nunca soneguei a minha participação na gestão e nem os méritos do governo”, registrou.
Polêmica… – Provocada, a Comissão de Saúde da Câmara Federal, presidida pelo deputado baiano Antônio Brito (PTB), está pra desembarcar a qualquer momento em João Pessoa.
À vista… – Brito informou a visita ao deputado Wilson Filho (PTB), autor do encaminhamento de denúncias apresentadas pelos vereadores Raoni Mendes, Lucas Brito e Renato Martins.
Palco – O empresário Dalton Gadelha prepara o Teatro Facisa para sediar, hoje, seminário de mobilidade urbana, com a presença do ministro Gilberto Kassab, em Campina Grande.
Almoço – A vice-governadora Lígia Feliciano (PDT) e o deputado Damião Feliciano (PDT) recepcionaram, ontem, na Capital, o ministro dos Esportes, George Hilton.
Tabelinha – Afinadíssimos, o deputado Gervásio Filho (PMDB) e o presidente da Assembleia, Adriano Galdino (PSB), costuram articulações para 2016 e 2018, entre PSB e PMDB.
Estates – Secretário-executivo de Comunicação de João Pessoa, o publicitário Anderson Pires (PT) deu uma pausa para o descanso. Só volta na próxima semana da Califórnia (EUA).
PINGO QUENTE – “É um discurso extremamente preconceituoso”. Do presidente do MEL, Renan Palmeira, sobre o boicote sugerido pela vereadora Eliza Virgínia (PSDB) ao Boticário, que lançou perfume “multigênero”.
*Reprodução do Jornal Correio da Paraíba.
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OPINIÃO - 22/11/2024