João Pessoa, 17 de janeiro de 2011 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
O Governo Maranhão III não deu ouvidos ao pensamento do filósofo, estudioso e humanista Erasmo de Rotherdam. O dissidente dos dogmas da Igreja Católica no século XVI desferiu fundamentadas críticas aos conceitos religiosos de sua época, porém advogada não existir “presente melhor que um bom conselho”.
A filosofia adotada pelo teólogo holandês não sensibilizou a gestão passada. É o que se pode extrair na prática e longe das teses científicas do que disse ontem, sem intenção de denúncia, o presidente estadual do Conselho de Saúde da Paraíba, Antônio Eduardo Cunha, a este colunista.
De acordo com o presidente, durante todo o ano de 2009 a Administração estadual deixou de repassar os recursos previstos no Orçamento para o funcionamento e despesas do Conselho, que tem autonomia financeira e entre outras atribuições fiscalização e normatização da Saúde paraibana.
Eduardo Cunha informou, por outro lado, que se faltaram os recursos no início do Governo Maranhão, eles voltaram a chegar aos cofres do Conselho em 2010, ano cujo orçamento ficou na casa de R$ 1,2 milhão, com parcela de R$ 100 mil mês. Entretanto, o que me chama a atenção foi o atraso de repasses durante as eleições. “Durante a campanha teve recursos que não chegaram ao conselho”, frisou o conselheiro, sem especificar ao certo quais valores exatos e meses que o fato ocorreu.
Ficou patente na conversa com o presidente do CES/PB que dentro do micro-processo eleitoral o órgão foi penalizado pela ausência de verbas para custear suas despesas. E o pior: sem qualquer justificativa plausível da Secretaria de Saúde do Estado. O mais intrigante é a relação da escassez de recursos para o Conselho exatamente no desenrolar do 1º turno da disputa eleitoral.
O problema se repetiu no final do Maranhão III. O dinheiro previsto no Orçamento não foi depositado. “No final do Governo estava um caos. Faltaram medicamentos excepcionais. Mandamos ofícios ao Cedmex – Centro Especializado de Dispensação de Medicamentos Excepcional – e não houve resposta”, disse-me Antônio Eduardo, por telefone, acrescentando que a intenção do Conselho nunca foi de confronto, mas apenas e tão somente da defesa do usuário do Sistema.
A coluna tentou por diversas vezes contato com o ex-secretário José Maria de França para tratar desse e de outros temas, mas até o fechamento não houve êxito. O espaço ficará franqueado ao ex-auxiliar, a quem tenho na conta de gestor probo e competente, para os devidos esclarecimentos.
Imagem – Outro fato intrigante. A Secretaria de Saúde comprou na gestão de Maranhão 400 aparelhos de TV’s LCD de 26 polegadas ao preço de R$ 1.852, cada. No mercado, o equipamento mais Full HD e conversor digital é vendido ao preço máximo de R$ 1.000. A não ser que os monitores comprados pelas SES tenham idêntica tecnologia.
Sem remédio – O secretário Walter Aguiar até que tentou segurar a crise com o deputado estadual João Henrique (DEM), mas o parlamentar manteve ontem o discurso de descontamento com o Governo.
Insatisfação – Em contato com a coluna, João Henrique garantiu que todos os nomeados em Monteiro são adversários dele e do governador. “Nenhum deles me agradou, mas isso não é rompimento”.
Engasgado – O principal motivo da insatisfação foi a nomeação do sub-delegado geral Antônio Verniaud, ex-delegado de Monteiro, a quem João Henrique acusou de perseguir correligionários na eleição.
Outros focos – Escanteado, o ex-vereador de Sousa, Thales Gadelha, abriu a metralhadora contra Ricardo. Desprestigiado, o ex-prefeito de Santa Cruz, Chico Ferreira, mudou até de domicílio eleitoral.
Revolta I – Registro e-mail irado de Lívio Meira (liviomeira@hotmail), para quem o colunista é um “bajulador” por sugerir alternativa do concurso público para resolver de vez o impasse dos pro tempore.
Revolta II – O leitor critica o colunista por ter afirmado que a sentença da 5ª Vara da Fazenda descontrói a tese de estabilidade levantada pela Asprenne, lembrando a tramitação da PEC54 no Congresso.
Carestia – Já o leitor Benito ([email protected]) reclama dos “preços abusivos” praticados em dois shoppings da orla de João Pessoa. Acha caro água de coco por R$ 3 e cafezinho por R$ 4,80.
Paliativo – O Governo estuda, via secretaria de Administração Penitenciária, a criação de um “Cadeião” para abrigar os presos provisórios. O presídio será projetado para funcionar em João Pessoa.
Guerra de interesses – O secretário Nonato Bandeira mandou áspero recado em nota distribuída ontem pela SecomPB. Disse que não aceita ser usado como instrumento na briga dos veículos de Comunicação.
Entre Aspas – “Hoje o PT é um partido sem expressão na Paraíba”. De Júlio Rafael, que distribuiu “gentileza” ao classificar de desastroso o mandato de Rodrigo Soares na presidência.
Reprodução do Correio da Paraíba
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OPINIÃO - 22/11/2024