João Pessoa, 12 de janeiro de 2011 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Ninguém é contra o aumento salarial para os policiais militares. Qualquer cidadão paraibano sabe que a nossa polícia ganha muito mal e merece tratamento respeitoso, ter perdas salariais repostas e políticas de valorização e aperfeiçoamento profissional.
Pela importância social e histórica, a nossa polícia não deveria amargar os momentos de tensão e preocupação no clarear de um novo ano. Infelizmente, a tropa foi alimentada por uma medida tresloucada, inconseqüente e flagrantemente eleitoreira.
O mais inocente dos paraibanos entendeu que a PEC 300 tabajara nasceu somente e apenas com o objetivo de cabalar votos na reta final de uma eleição na qual o candidato favorito, em pleno exercício do mandato, se viu de calças curtas e na iminência da derrota.
O Ministério Público já questionou a legalidade da PEC e a decisão final sobre o caso caberá à Justiça. O governador Ricardo Coutinho (PSB) se recusa a pagar tomando como argumento os indícios da irregularidade do processo que culminou com concessão da elevação salarial.
Independente dos episódios que motivaram a Lei, o fato é que ela foi aprovada pela Assembléia, sancionada pelo então governador José Maranhão e está valendo. Baseada nesse fato concreto, a categoria se agarra nessa esperança para sonhar com um aumento de quase 100%.
O deputado federal Major Fábio (DEM) tem aproveitado esse sentimento dos policiais para insuflar a tropa contra o Governo. No lugar de agir como canal de discussão com o Palácio, o parlamentar prefere o caminho do confronto motivado pelas suas claras diferenças e ressentimentos em relação ao governador (PSB). Os gestos belicosos de Fábio não conseguiram sensibilizar a tropa, tanto que o protesto de ontem demonstrou fragilidade no tamanho.
O momento inspira diálogo entre categoria e Governo. Melhor que uma briga infrutífera seria a construção de uma rodada de negociação franca e aberta. Se a Justiça entender que a PEC é ilegal, não adiantarão os arroubos do major. Pra não perder a batalha completa, a categoria poderia pelo menos arrancar de Ricardo Coutinho o compromisso de fazer a “PEC” dele, regular, fora do período eleitoral e com previsão orçamentária, se é que é possível. Eis um caminho.
Briga das saias – A nova secretária de Saúde de Campina Grande, Tatiana Medeiros, incendiou logo na posse ao rebater o governador Ricardo Coutinho e dizer que João Pessoa tem 40 PSF’s sem médicos. A secretária Roseana Meira, de João Pessoa, não engole desaforo e devolveu: “A saúde de Campina Grande está abandonada e é feita só de cal e tinta”.
Recusa – O secretário chefe do Governo, Walter Aguiar (PT), mandou chamar para uma conversa os organizadores do protesto da PM, que se recusaram a pisar no tapete vermelho do Palácio da Redenção.
Opinião – O senador diplomado Vital do Rêgo Filho (PMDB) meteu a colher na polêmica da PEC 300. Considera que por ser Lei, deve ser cumprida e não poderia ser contestada nesse estágio atual.
Redistribuição – Caiu nas mãos do juiz Antônio Eimar de Lima, da 6ª Vara da Fazenda, o julgamento da Ação Civil Pública impetrada pelo Ministério Público que questiona a legalidade da polêmica PEC.
Bairrismo – No afã de criticar o prefeito Luciano Agra (PSB), o vereador Fernando Milanez (PMDB) se excedeu: “Eu não acredito que pessoense vai votar em campinense”. Derrapou feio.
Fôlego – Sem alarde, o presidente da Assembléia, Ricardo Marcelo (PSDB), vai pavimentando o caminho da reeleição na Casa. O apoio fechado da bancada petista gera solidez na sua postulação.
Barganha – Em troca dos três votos, os deputados petistas Anísio Maia, Luciano Cartaxo e Frei Anastácio pediram e ganharam vaga na terceira secretaria da Mesa Diretora na chapa de Ricardo Marcelo.
Critério – A ala de maior PIB eleitoral do PT definiu a equação da distribuição dos cargos. Indica quem tem mandato. Assim, Anselmo Castilho, Jeová Campos e Rodrigo Soares estariam fora.
Benefícios – O governador Ricardo Coutinho marcou ponto ao anunciar a construção de casas populares para policiais militares e a decisão de convocar candidatos aprovados no concurso de soldados.
Fazendo escola – O vereador Tavinho Santos (PTB), de João Pessoa, bom imitador de Tim Maia, virou alvo de cópia. Seu projeto “Ficha Limpa” foi adotado em Indaiatuba (SP), Andradina (SP) e Natal (RN).
Entre aspas – “O Governo nunca deixou de mandar na Assembléia Legislativa”. Do ex-deputado Waldir dos Santos Lima, sobre o discurso adotado por Ricardo Coutinho de não se meter na eleição da Casa.
Reprodução do Correio da Paraíba
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