João Pessoa, 04 de janeiro de 2011 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
A fala do governador Ricardo Coutinho (PSB) na primeira solenidade oficial não deixa dúvidas: o novo Governo decidiu atacar primeiro a ferida aberta do desequilíbrio financeiro, antes de quaisquer outras ações essenciais. Ricardo lembrou que a folha de pessoal já chegou a casa dos 58% (o máximo é 49%), ultrapassando e muito os limites do bom senso e da Lei de Responsabilidade Fiscal. Uma situação no mínimo preocupante.
Não há como fazer grandes investimentos em políticas públicas e tocar obras estruturantes necessárias ao desenvolvimento do Estado tendo que reservar mensalmente quase todos os recursos do Tesouro Estadual para pagar aos servidores e apadrinhados políticos.
O governador também mandou um recado para todos os auxiliares de sua Administração ao exigir contenção de gastos e economia nas despesas. Deu primeiro o exemplo e revogou o aumento do próprio salário, do vice-governador e do secretariado.
Ademais, o Governo que se inicia idealiza uma gestão parecida com o modelo reinante na iniciativa privada. Quer velocidade da equipe, ritmo e cumprimento de metas. O novo governador almeja implantar um sistema de ações integradas, com idéias e políticas multifacetadas e integradas.
Deve enfrentar os desafios naturais dos processos de mudança. O prenúncio de arrocho não agrada em nada os aliados políticos, ansiosos pelo prestígio e espaço para cabos eleitorais. A grande tarefa do governador é trabalhar para mudar essa resistente mentalidade. Se conseguir a adesão da sociedade, terá uma forte parceira. Sem custos.
Ressurreição – Merece explicação convincente do ex-governador José Maranhão (PMDB) a denúncia formulada pelo secretário de Comunicação, Nonato Bandeira (foto). O jornalista acusou Maranhão de quitar, no apagar das luzes, uma dívida de R$ 7 milhões com empreiteiras, sem parecer da Procuradoria Geral. Detalhe: a conta em questão remonta as décadas de 80 e 90. “Isto é um absurdo”, bradou Bandeira durante o discurso de posse do novo secretariado no Teatro Paulo Pontes, do Espaço Cultural.
Bicada – Deu no MaisPB.com.br. O deputado estadual João Gonçalves (PSDB) vai procurar hoje o senador Cícero Lucena para propor um “Encontrão” com lideranças tucanas. João defende que o partido discuta e tome uma decisão definitiva para unir a legenda no Estado.
Sem alarde – O Diário Oficial de ontem publicou a nomeação do advogado Jovino Machado Neto para o cargo de consultor jurídico do Governo, função antes ocupada pelo jurista Assis Almeida. Jovino Neto é um dos sócios do Escritório Targino e Pires Advogados, ao lado de Luciano Pires e do ex-governador Cássio Cunha Lima.
Cobrança – O presidente da Associação dos Professores de Licenciatura Plena da Paraíba, Francisco Fernandes, já antecipou uma cobrança: a categoria não abre mão e vai exigir do novo Governo o cumprimento do Índice de Reajuste do Piso Salarial Nacional, a ser divulgado nos próximos meses pelo Ministério da Educação.
Conforto – O ex-deputado Pedro Medeiros (PSDB) não tem do que reclamar. Ficou sem mandato, mas a sua convivência com os colegas e o prestígio com o ex-governador Cássio Cunha Lima vão lhe render luxuoso cargo na Assembléia. Reconhecido pelo estilo “durão”, Pedro prefere não arriscar conviver com um chefe de humor parecido.
Punição – Qual crime terá cometido a Comercial Campinense de Cereais Ltda, punida no último dia de Governo pelo secretário de Administração, Antônio Fernandes? Toinho aplicou sanção que impede a empresa de participar de licitação e contratar com o Estado nos próximos dois anos, além de excluí-la do cadastro dos fornecedores do Governo.
Fartura – Ainda da série “Apagar das Luzes”. Todas as dez cozinheiras da Granja Santana recebiam consideráveis gratificações nos salários. Elas podiam até preparar refeições lights para os convivas e freqüentadores da residência oficial do Governo, mas não podiam reclamar da falta de gordura mensal nos contra-cheques.
Medida intermediária – Foi positivo o saldo da reunião do governador Ricardo Coutinho com o procurador Geral de Justiça, Oswaldo Trigueiro. As demissões obedecerão os critérios de antiguidade, assiduidade e pouparão os ocupantes de cargos essenciais para o funcionamento da máquina. Uma medida prudente e que preserva o interesse público.
Sumiço – A vereadora Eliza Vírginia dá sinais de que não cumprirá novamente acordo celebrado com o PPS para deixar a legenda. Ela viajou, tomou chá de sumiço e até agora não entregou pedido de desfiliação do partido. José Bernardino (presidente estadual), Fábio Medeiros (presidente municipal) e Bruno Farias devem estar adorando.
Entre aspas – “Quem não quer um aumento de salário, até para trabalhar melhor e com mais empolgação”. Do deputado federal Damião Feliciano (PDT), de quem se pode reclamar de tudo, menos de seu excesso de sinceridade.
Reprodução do Correio da Paraíba
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OPINIÃO - 22/11/2024