Ainda está no campo da delação premiada e carece de provas materiais, que só devem aparecer, se aparecerem, no curso do processo, porém a afirmativa do empresário Ricardo Pessoa, da UTC, de que pagou R$ 1 milhão para obter liberação de bilionária licitação no TCU, a maior Corte de contas do Brasil, reacende o debate da corrupção nos nossos tribunais, abafado por razões conhecidas.

No caso do dono da poderosa construtora, atolada no escândalo do Petrolão, os contatos teriam sido feitos com o advogado Thiago Cedraz, que vem a ser filho do ministro do TCU, Aroldo Cedraz, nada mais, nada menos que o atual presidente da Corte responsável pela fiscalização e controle das contas federais.

O depoimento de Ricardo coaduna com outras situações e modus operandi bem comuns nesse vergonhoso escambo. As intermediações de esquemas de negociação de sentenças e despachos são geralmente operadas por parentes próximos ou assessores de maus desembargadores, juízes e conselheiros, em todas as esferas e instâncias.

Gente que sem nenhum pudor, em nome do pai, do filho, menos do espírito santo, tio ou sócio informal, promete a partes interessadas êxito nas demandas pretendidas em troca de propina. O alvo vai de políticos a empresários, que se submetem ao jogo ou por falta de confiança no bom direito ou por desconfiança de que, se não aderir, a parte adversária o fará. E levará.

Dois fatores estimulam a prática. A ausência de um rígido controle externo, afinal a couraça em torno do Judiciário é grossa e o corporativismo impera, e a impunidade. Quando a minoria de malfeitores disfarçados por trás de uma toga é pega, no máximo, é condenada a uma confortável aposentadoria , um deserviço e deboche afrontoso com o cidadão.

Esse jogo da venda de sentenças tem sido combatido, timidamente, é verdade, mas com avanços. Recentemente, o CNJ puniu com a famigerada ‘compulsória’ dois juízes, um de Roraima e outro de Goiás, ambos acusados de venda de sentenças e quebra de imparcialidade. Ainda bem que aqui na nossa Paraíba, estamos blindados a esse tipo de malandragem familiar. Não estamos?

Alguns… 
Em março de 2012, uma investigação apontou esquema de venda de sentenças envolvendo quatro dos 12 desembargadores do Tribunal de Justiça de Tocantins.

…Exemplos
Em 2008, segundo o Estadão, somente três pessoas do Judiciário de São Paulo e da Bahia foram responsáveis por movimentações suspeitas da ordem de R$ 116 milhões.

Redes coloridas
Antenado, o governador Ricardo Coutinho determinou, na própria sexta-feira à noite, a adesão da sua página pessoal no facebook ao movimento mundial de apoio a decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos, que reconheceu o casamento gay. A foto do governador ganhou as cores do movimento LGBT. A página do governo seguiu.

Diversidade
“Que os bons ventos soprem em favor desses princípios em todo o planeta”, postou a deputada Estela Bezerra ((PSB), saudando a decisão da Suprema Corte norte-americana.

Se me chamar…
O presidente da Assembleia, Adriano Galdino (PSB), não disputa o posto natural do deputado Veneziano Vital (PMDB), mas caso o peemedebista decline da candidatura…

…Eu vou
…A prefeito de Campina Grande, o socialista está convictamente decidido: vai “brigar” pra assumir o posto e trabalhar nesse projeto até as últimas conseqüências.

GPS
O ex-deputado Leonardo Gadelha (PSC) desembarcou ontem em João Pessoa. Aproveitou para se inteirar do quadro político na Capital e em Campina Grande.

Prestígio
A casa do defensor público Adriano Bezerra, pai do vice-prefeito Mateus Bezerra, foi freqüentada por intelectuais, artistas e políticos no ascendente São João de Bananeiras.

Pergunta-se
Por onde anda o presidente estadual do PSB, Edvaldo Rosas, mergulhado pós-eleição e adepto do silêncio em tempos de conflagração na aliança socialista com os petistas?

PINGO QUENTE
“Ela quer enfiar a mandioca nos brasileiros”.
Do líder do PSDB, Nilson Leitão, ironizando discurso da presidente Dilma, nos Jogos Indígenas, que saudou a “mandioca” como umas “das maiores conquistas do Brasil.

*Reprodução do Jornal Correio da Paraíba.

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