João Pessoa, 02 de novembro de 2010 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
A acachapante votação de Ricardo Coutinho neste domingo, pondo fim a chamada “Era Maranhão”, começou ser construída bem antes do que o público imagina.
Tão logo terminou a eleição para prefeito de João Pessoa, os primeiros passos foram dados para a construção de um projeto tido por muitos como “aventura eleitoral”.
O marco definitivo começou após a assunção de José Maranhão ao poder com a cassação de Cássio Cunha Lima.
A concepção da polêmica e questionada aliança foi costurada com paciência e cautela. Um dos mais importantes interlocutores desse processo foi o então chefe de gabinete da Prefeitura, Nonato Bandeira.
Quem conhece a história sabe o tamanho da resistência que a tese sofreu dentro do coletivo de Ricardo Coutinho. Os mais radicais – a maioria – não admitiam sequer cogitar a hipótese.
Aos poucos, a profecia ganhou corpo e vida. Bandeira agiu nos bastidores com diálogo permanente com forças ligadas ao ex-governador. Mesmo sendo em alguns momentos vítima da resistência do próprio grupo, ele manteve a disposição de juntar as forças que pavimentariam o sonho do PSB. E conseguiu.
Na campanha, atuou em todas as frentes. Abraçou a coordenação geral da campanha. Agiu como interlocutor com a classe política, apagou incêndios, manteve ponderação com setores da imprensa adversos ao projeto e tomou para si a dianteira da comunicação da campanha.
Na crise, não desanimou. Quando os institutos davam 20 pontos de vantagem para Maranhão, reagiu na imprensa e alimentou os apoiadores de fé e estímulo para a virada.
Pensou no discurso da campanha. Foi pessoalmente nas madrugadas acompanhar guias e formatar textos para reverter o “baixo astral” que insistia em contagiar equipe e militantes.
No auge da campanha, aconteceu o que ele havia pregado desde o embrião da aliança. Militantes do coletivo, dos mais ponderados aos mais xiitas, se convenceram: só havia chance de vitória se Cássio Cunha Lima e Efraim Morais fossem de fato “abraçados e absorvidos” como elementos essenciais na disputa contra o “trator” do Governo.
A resistência deu lugar a unidade. E foi justamente nesse momento que a campanha socialista arrancou para a vitória, atropelando as pesquisas e o poder da máquina estadual.
Na crise e na virada, se portou com humildade e discrição. Trabalhou para facilitar acesso de jornalistas e políticos ao então candidato e abriu estradas para o líder transitar sem blindagem.
Nonato soube ajudar a construir a ponte que fez o projeto do PSB atravessar as águas turvas da utopia, descrença e adversidades e chegar ao solo firme e real da vitória.
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