João Pessoa, 27 de julho de 2015 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Quem ouve meia hora de entrevista do senador Paulo Paim (PT/RS), a quem tive o prazer de sabatinar essa semana ao lado dos companheiros Wellington Farias e Fabiano Gomes, no Correio Debate (Correio Sat FM), chega a duas impressões: o Brasil ainda tem jeito e se posturas como a dele forem ouvidas o PT pode se salvar.
O parlamentar gaúcho passa ao largo da desfaçatez da maioria dos seus pares petistas, obcecados à vã tentativa de saltar dos graves erros do partido com um maniqueísmo barato e vazio, que já não convence nem os adeptos da legenda, muito menos o cidadão frustrado com os descaminhos do atual governo.
Para a evidente constatação do estelionato eleitoral cometido pela presidente Dilma, Paim não doura a pílula e admite: “Houve uma falha naquele momento de não assumir que as coisas não estavam bem”, acentua, lembrando do falso País das Maravilhas vendido pela petista em todos os debates e entrevistas para se reeleger.
A descoberta do Petrolão, tida pelos fundamentalistas do PT como uma invenção da mídia golpista ou uma orquestração da elite brasileira, é para Paulo um ponto de frustração, decepção e constrangimento, segundo ele mesmo admitiu na conversa irradiada para a Paraíba inteira. “Fiquei muito constrangido”, confessou.
Sobre o ajuste fiscal, adotado pelo governo para equilibrar as contas e tapar os buracos deixados pelas peripécias governamentais, o senador petista condena o foco das medidas aplicadas justamente contra os trabalhadores. Para quem passou 30 anos lutando por esse segmento, foi um choque e surpresa, confidencia.
Ao tempo em que faz a necessária autocrítica, Paim também defende a presidente Dilma do envolvimento direto nos desvios constatados pela Justiça, Polícia Federal e Ministério Público. O povo não vê Dilma envolvida em atos de desonestidade, raciona o senador, levantando a bandeira da permanência da chefe da Nação no cargo.
A serenidade do senador brilha, sobretudo, quando contraposta ao histerismo de parte do PT. Se tiver juízo, ao invés de isolar gente como Paim, o petismo dever tirar lições de sua pregação e virar a página policial de sua história. Enquanto houver tempo.
Conselho…
“O PT tem que voltar as suas raízes”, exorta Paulo Paim, registrando a histórica luta de 30 anos do partido pela distribuição de renda e diminuição das desigualdades sociais.
…De amigo
Admirador pessoal de Dilma, Paim aconselha a presidente a buscar sair da crise com sinceridade e franqueza. “A presidente tem que sair para dialogar”, receita Paulo.
Hora da superação
“Eu tenho dito a equipe que é na hora da crise que aparece o mérito do gestor. Na hora da bonança, dos recursos fartos, é muito fácil fazer uma gestão. É nessa hora que aparece a determinação e o planejamento de transformar a crise em oportunidade. Fazer mais com menos”. Do prefeito Luciano Cartaxo, ainda sobre o saldo da aprovação de sua gestão, expressa na pesquisa IP4/Correio.
Pergunta-se
Qual é mesmo a opinião e sentimento dos socialistas paraibanos a respeito do recente resultado da aprovação popular do governo do aliado Luciano Cartaxo, em João Pessoa?
Botando fé
A direção do PSOL está levando a sério as chances de Antônio Gobira na eleição de 2016 em Cajazeiras. O desempenho do sapateiro em 2014 empolgou a cúpula.
Brasa
Recairá sobre Doda de Tião (PTB) a missão da oposição de enfrentar a reeleição do prefeito Jacó Maciel (PSD), em Queimadas. O deputado topa sem medo de se queimar.
Travas
A bancada governista tem adesões na agulha, mas o líder Hervázio Bezerra (PSB) esbarra num problema: os vetos, rivalidade e peculiaridades da política nos municípios.
Regresso
A suplente Olenka Maranhão (PMDB) esquenta blazer novo para voltar à Assembleia, com a iminente saída do deputado Trócolli Júnior para assumir secretaria no governo.
Higiene mental
Nas horas vagas, o reitor da UEPB, Rangel Júnior, “malha o cérebro” gastando o tempo com música, violão, literatura, educação física e até alimentando um blog de futebol.
PINGO QUENTE
“Impeachment não é remédio para governo que a gente não gosta”.
Do ex-ministro Ciro Gomes, para quem só merece impedimento e afastamento presidencial “governo que comete crime”.
*Reprodução do Correio da Paraíba.
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OPINIÃO - 22/11/2024