João Pessoa, 28 de agosto de 2010 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Há quem ainda não entenda ou talvez não aceite como reais os números das pesquisas, que, de forma recorrente, mostram a vantagem do governador José Maranhão em relação ao seu principal adversário, o ex-prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho (PSB).
Uma análise do brilhante jornalista paraibano José Neumanne Pinto sobre a estratégia que levou Lula a se tornar imbatível e a carimbar o passaporte pra Dilma serve como luva para nos ajudar a entender o cenário atual da disputa na Paraíba.
Assim como o presidente, Maranhão percebeu logo quando assumiu o mandato tampão que não se reelegeria se não investisse pesado na formação de um alicerce político em todos os recantos do Estado.
E assim fez. Mudou a postura cisuda de outros tempos, se vestiu de humildade e caiu em campo para atrair lideranças de todos os níveis e pesos da aldeia paraibana. De líderes comunitários a deputados e presidentes de partidos.
Foi célere porque sabia que muito tempo não dispunha e lançou uma espécie de manta política sobre seus passos. Com jeito e habilidade abocanhou apoios de prefeitos de todas as regiões.
Pacientemente, soube esperar os erros gerados pela dificuldade de convivência do adversário com a chamada classe política. Aproveitou cada foco de insatisfação na Oposição para irrigar adesões.
Diferente de Ricardo Coutinho, não subestimou pequenos apoios, a partir da premissa basilar, na qual o conceito de soma no final faz a grande diferença.
Enquanto Ricardo dava gelo nos Armandos, Wellingtons e Ribeiros da vida, Maranhão jogava iscas e com paciência de pescador foi aos poucos fisgando peixes e tubarões do jogo político.
O lance de acerto de Ricardo em tese foi conquistar os votos de Efraim Morais e Cássio Cunha Lima, a maior liderança individual do Estado.
Só que o socialista esqueceu que os caciques só são fortes quando estão com o exército de índios na aldeia. Traduzindo: Ricardo teria também que buscar os aliados de Efraim e Cássio, não necessariamente inclusos no pacote da aliança.
Como isso não foi feito ou não foram encontradas as condições para se fazer, hoje é comum ver aliados do ex-governador longe do PSB e nos braços de Maranhão, fazendo uma cruzadinha, antes inimaginável numa política polarizada como a nossa.
E há até quem acuse Cássio de não estar transferindo os votos esperados. Cássio fez o que está ao seu alcance. O resto depende de Ricardo, o candidato principal e portanto aquele que deveria estar mais interessado em construir sustentabilidade política.
Se não vejamos. Mesmo em meio a atropelos, Ricardo ganha em Campina Grande, o reduto-mor do grupo Cunha Lima, mas tem se fragilizado em João Pessoa, colégio eleitoral que deveria ser a sua catapulta.
Ou seja, no terreiro de Cássio a Oposição vai bem, mas falta Ricardo fazer o dever de casa.
É o retrato nu e cru.
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