João Pessoa, 27 de agosto de 2010 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
É bem verdade que o candidato ao Governo pelo PSB, Ricardo Coutinho, tem uma história política distinta e até antagônica em relação aos seus novos aliados Cássio Cunha Lima (PSDB) e Efraim Morais (DEM). Mas daí transformar os apoios recebidos em pecado capital para demonizar Ricardo é também demais.
Demais porque cá entre nós tem pouca gente nesse Estado com currículo político para atacar aliança de qualquer natureza.
Nunca é demais lembrar que Ricardo já havia feito aliança similiar em 2004, quando precisou se aliar ao então senador José Maranhão, a quem Coutinho combateu ferozmente nos Governos I e II.
Foi uma circunstância política completamente compreensível para derrotar Cícero Lucena (PSDB) e Ruy Carneiro (PSDB). E deu certo. Na época, muitos também questionaram.
Além do mais, qualquer maranhista prudente precisa voltar ao passado antes de colocar água no chope que beberam justamente embriagados pelas circunstâncias políticas do momento.
Ou é possível apagar o passado no qual Maranhão, Ronaldo e Cássio estiveram no mesmo barco? A separação ocorreu motivada por uma disputa de poder e sem qualquer viés ideológico.
Não faz muito tempo e o PFL era aliado do PMDB da Paraíba. A família de Efraim Morais tinha cargos no Governo Maranhão. O PFL é o mesmo DEM de hoje.
Por esse ângulo, as críticas desferidas por gente da base governista a tão polêmica aliança soam apenas como estratégia de campanha para macular o adversário. E o pior: movidas por um falso moralismo e hipocrisia aparente.
Fora a falta de sinceridade no discurso de contraponto a união de Cássio, Ricardo e Efraim, é preciso reconhecer que os aliados do governador estão sendo competentes no mister de fragilizar o adversário pegando como gancho principal o que chamam de incoerência política. Conseguiram mexer com a campanha do PSB e deixar muita gente lá ainda tonta com os efeitos.
É preciso tirar o chapéu para a estratégia maranhista. Não é fácil fragilizar um adversário utilizando o discurso da incoerência, num Estado onde a maioria dos políticos só sabe o que coerência quando consulta o dicionário.
Analisando friamente, essa guerra pela “coerência” é estéril. Não produz nada de novo e não engrandece o debate para tirar nosso povo do atraso de décadas. A Paraíba precisa discutir projetos e não quem é mais ou menos puro. Porque se a discussão for essa, será difícil encontrar alguém que não tenha se melado aqui ou acolá.
Sílvia já – O senador Cícero Lucena (PSDB) já defende internamente a contenção da sangria de Cássio na mídia e na Justiça. O caboclinho entende que é melhor colocar Sílvia logo no páreo para que a candidatura dela tenha tempo de ganhar fôlego.
Confusão – Os petistas maranhistas estão indignados com o telegrama que receberam de Luiz Couto, no qual o deputado federal ameça processar o presidente do PT, Rodrigo Soares, caso veicule imagens do parlamentar no guia associadas ao governador José Maranhão.
Cálculo – Aliados do governador José Maranhão acreditam que não haverá perda se o peemedebista deixar de comparecer aos próximos debates na televisão. Entendem que a situação já está consolidada e uma possível ausência não mexerá com os números da corrida ao Palácio da Redenção.
O outro lado – Já integrantes da campanha do PSB apostam que o eleitor mais esclarecido pode ter uma interpretação desfavorável à Maranhão diante de uma presumível ausência dos embates.
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