João Pessoa, 24 de maio de 2010 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
O meu confrade Tião Lucena tem toda razão quando desqualifica com sabedoria a frágil polêmica do suposto ateísmo de Ricardo Coutinho, levantado por segmentos xiitas da base governista.
A tentativa de satanizar o socialista e de colar nele a imagem de alguém que não crê em Deus revela uma política de nível ralo, que nada acrescenta aos debates de interesse da coletividade paraibana.
Uma campanha é a oportunidade dos eleitores e candidatos discutirem projetos, posturas e propostas capazes de mudar a realidade de um estado que apresenta índices de desemprego e desigualdades alarmantes.
Infelizmente, a paixão radical e a politicagem desviam essas questões para um segundo plano e colocam na arena política as bobagens e questões pessoais, muitas vezes factóides de mau gosto.
Nesse quesito, alguns segmentos governistas se mostram extremamente incompetentes quando atribuem a Ricardo o que consideram defeitos imperdoáveis: ser "ateu" e ter um comportamento chato com os políticos.
Aí surge uma indagação óbvia: esses adjetivos desqualificam um candidato ao Governo do Estado?
Fica parecendo um atestado que os defeitos mais graves do personagem político se restringem ao campo estritamente de foro pessoal e não de comportamento ético.
Nesse caso, o efeito pode ser totalmente colateral e levar o eleitor a concluir que esses são os únicos defeitos de determinada figura pública.
As duas pechas até agora não pegaram: simplesmente porque a sociedade já está madura demais para deixar se levar por debates inócuos e claramente pré-elaborados.
Desde que Ricardo é Ricardo os adversários sempre se utilizaram desses argumentos, mas nunca encontraram ressonância no público eleitor.
Quem abraça esse discurso apenas para tentar melar a imagem do ex-prefeito comete equívoco, erro de estratégia e mostra apenas interesse em tumultuar o processo.
A Paraíba já está crescidinha demais para ser seduzida por esses "pirulitos" vencidos.
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