João Pessoa, 21 de fevereiro de 2010 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Para quem conhece o histórico de lealdade e abnegação política do ex-deputado Carlos Dunga ao grupo Cunha Lima fica díficil acreditar que o diligente petebista tenha tomado a decisão de abdicar da vice de Ricardo Coutinho (PSB) sem prévio consentimento ou comunicado ao ex-governador Cássio Cunha Lima.
Dunga, por intuição ou por informação privilegiada, já sabia que não recairia sobre ele a escolha do companheiro de chapa do prefeito de João Pessoa na caminhada ao Governo do Estado.
O suplente de senador saiu de cena para não ficar segurando vela que não lhe pertence. Ficaria muito feio pra ele manter a postura de espera, referendada pelo partido, e depois ser preterido, enquanto pode já ir pavimentando um projeto político consistente para 2010.
O maior beneficiado com Dunga na vice seria exatamente o deputado federal Armando Abílio, que receberia em troca da indicação redutos do "homem de Boqueirão" para concorrer novamente a Câmara Federal.
Depois de tanto conversar com Maranhão e emissários, Armando não dispõe mais de confiança do núcleo duro de Ricardo Coutinho. Portanto, não há motivo aparente ou interesse no jardim "girassol" de facilitar a vida de Abílio.
Além do mais, a definição do vice da chapa socialista passa pelo quesito Veneziano Vital do Rêgo. Ricardo aguarda a decisão do prefeito de Campina Grande para somente depois articular o melhor nome que faça frente a um eventual nome da Rainha da Borborema na chapa de Maranhão.
No meio de todo esse jogo ainda há o desejo pessoal do ex-governador Cássio Cunha Lima indicar um vice de casa. De preferência atendendo pelo nome de Ivandro Cunha Lima.
Cá pra nós. Tudo leva a crer que Dunga saiu de cena para que o verdadeiro protagonista entre no palco com as bençãos e aplausos de Cássio Cunha Lima.
Vamos esperar pra ver.
Perda – Armando Abílio não votará em Ricardo Coutinho. Foi o que ele disse com todas as letras ao MAISPB. O argumento: o PTB não foi tratado como merecia. Abílio agora vai conversar com Cícero e Maranhão.
Saldo negativo – A saída de Armando do bloco ricardista é sintomática. O deputado se notabilizou como grande entusiasta da candidatura de Ricardo ao Governo do Estado. Defendeu abertamente, mesmo censurado, o apoio de Cássio ao socialista.
Atento – Enquanto percebe as batidas de cabeça na Oposição, o governador José Maranhão aproveita cada lance ou baixa adversária para fortalecer suas investidas em partidos e lideranças políticas. Se abrir espaço, ele acerta no alvo.
Nem tudo são flores – Da mesma forma que Ricardo tem problemas a resolver, Maranhão também tem pela frente hemorragias a estancar. O problema PT não é de fácil solução. Roberto Cavalcanti é outro labirinto que precisa ser desvendado com muito cuidado.
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