João Pessoa, 02 de janeiro de 2015 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Foi um discurso longo. Talvez justificado pela pedreira que enfrentou durante quatros anos. Desgastes, incompreensões e, em muitos momentos, rejeições. A elasticidade do pronunciamento e o risco de enfadar os expectadores, pode também ser relevada pela odisséia atravessada para garantir um segundo mandato.
Na sua fala para um auditório lotado, o governador reeleito e empossado da Paraíba, Ricardo Coutinho, não se absteve de fazer uma prestação de contas do seu primeiro governo. Expôs números, elencou obras e numa referência ao seu primeiro discurso de posse, adaptou para o presente: “O povo voltou ao poder”.
Mas nenhum dado se sobrepôs ao seu foco maior; ratificar, nesse novo instante de sua trajetória, um conceito diferenciado no olhar para a política e para a gestão por estas terras. Em cada parágrafo do seu texto, o socialista acentuou quebra de paradigmas e esforços para modificar posturas e costumes.
Frisou os embates com setores da sociedade. Não disse, mas se referiu aos opositores, à classe política e aos segmentos mais ‘poderosos’ e tradicionais da Paraíba. Entre uma e outra estatística, menções especiais aos mecanismos de participação popular, como o Orçamento Democrático, e o anúncio da criação do Conselho Estadual de Transparência Pública.
Imprimiu esse intento, certamente de propósito, no desfecho de sua mensagem aos paraibanos quando projetou seu maior legado para os sucessores o momento da conquista “da plena da democracia participativa” num Estado tão marcado pelas disparidades sociais e acostumado a servir a poucos grupos e famílias.
Foi esta a sinalização de Ricardo para seu segundo governo. A pretensão de combinar as obras de cal e pedra com rupturas e avanços que podem até ser invisíveis, mas perfeitamente sentidos e percebidos pelos os que sempre estiveram à margem.
*Reprodução do Correio da Paraíba.
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