João Pessoa, 29 de dezembro de 2014 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Tem todo o sentido e efeito pedagógico o aviso dado pelo governador Ricardo Coutinho para sua militância e aliados. Sem meias palavras e bem ao seu estilo, Ricardo escreveu em letras garrafais: empenho e participação na sua vitoriosa campanha não é lugar garantido e nem muito menos cadeira cativa na sua gestão.
Quem conhece Ricardo sabe que suas palavras não são produtos dos típicos scripts sugeridos pelo marketing para o governante ganhar cartaz junto à opinião pública. O ‘toque’ do socialista é a sua cara e serviu para muita gente do seu círculo ligar as antenas e redobrar esforços para fazer por merecer ficar onde está ou ganhar algum posto na administração girassol.
Máquina paga pelo povo, à custa de muito trabalho, não é lugar para acomodar, de qualquer jeito e preço, os amigos ou devotos dos plantonistas do poder, só porque emprestaram sua força de trabalho, garganta e suor às caminhadas, arrastões, comícios e claques em porta de veículos de comunicação nos debates.
O oneroso erário bancado pelo cidadão – do grande empresário ao trabalhador da construção civil – precisa manter o mínimo padrão para os serviços públicos. Sem gente comprometida com o trabalho e com resultados, a gestão perde seu caráter essencial e vira um sofá de gatos gordos, caros e de pouca serventia.
Ricardo tem razão quando dá o recado logo pra dentro do próprio agrupamento. É a sua forma de alertar seus liderados a não confundir o Canal 40, quartel general das campanhas socialistas, com a presença nos espaços estratégicos do Estado. Uma coisa pode até ajudar a outra, mas não dá vitaliciedade a ninguém.
Se diz isso para os seus talibãs, muitos em alerta depois do recado, aumenta ainda mais o estado de atenção entre aliados satélites, ávidos por “boquinhas” e canais para atracarem seus barcos nas pretendidas “ilhas” de poder, em tese “garantidas” pela participação no front da renhida eleição passada.
Com o recado curto e grosso, foi exatamente isso que Ricardo quis desmitificar no seu governo, numa mensagem aos velhos e novos companheiros. A tradução é didática: até os ‘de casa’ precisam fazer por merecer a sombra.
*Reprodução do Correio da Paraíba, edição do dia 27/12/2014 (sábado).
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