João Pessoa, 18 de dezembro de 2014 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Fosse apenas mais uma das muitas ações impetradas pela coligação do senador Cássio Cunha Lima, entraria no rol das acusações do adversário derrotado, mas vinda do Ministério Público Eleitoral a Ação de Investigação Judicial Eleitoral, protocolada ontem contra o governador Ricardo Coutinho, tem outro peso.
No que tange à margem eleitoral, a vitória de Ricardo foi incontestável. A maioria esmagadora dos paraibanos optou pela sua reeleição ao invés do projeto apresentado pelo senador Cássio Cunha Lima. Isso, ninguém discute, mas a eleição retumbante não torna Ricardo isento de responder por eventuais abusos de poder no pleito, afinal de contas o Judiciário existe exatamente para garantir o equilíbrio da eleição e a igualdade de condições entre os candidatos.
E foi isso (abuso) que o MPE viu no sensível aumento da distribuição de cheques do programa Empreender Paraíba, uma dos programas mais festejados do governo, e na contratação e exoneração de servidores durante o período em que Ricardo se esforçava para suplantar o favoritismo do senador Cássio Cunha Lima na eleição.
O procurador Regional Eleitoral, Rodolfo Alves, teve o cuidado de se cercar de provas e elementos com sustança para subsidiar a Aije. Escalou promotores eleitorais de todo o Estado para colher depoimentos com beneficiários do programa de apoio ao micro-crédito. Foram mais de 100 pessoas ouvidas. O resultado desse trabalho levou Rodolfo Alves a uma conclusão: houve crime eleitoral.
Quem teve acesso ao conteúdo da Ação, considera a peça produzida pelo MPE contundente, devido à força de um vitaminado conjunto probatório. Tecnicamente, foi um trabalho bem feito e bem municiado. Ao contrário do que se imaginava, o primeiro ano do segundo mandato de Ricardo Coutinho não será um chá de girassol.
Dito e… – A coligação “A Vontade do Povo” moveu ação semelhante. A manifestação do MPE, segundo o advogado Harrisson Targino – referenda os fatos anteriormente apontados.
Feito – “O MPE confirma – como órgão isento – tudo o que dizíamos na eleição: os abusos práticos pelo governo durante a campanha”, verbalizou Harrisson Targino.
Brito: Governo não entrou na eleição – Em contato com a Coluna, o advogado Fábio Brito, da defesa do governador, preferiu não comentar o tema, alegando desconhecimento do conteúdo da Ação. “Não quero me antecipar e falar genericamente sobre o tema, apenas reafirmo que nenhuma ação administrativa do governo teve qualquer viés eleitoreiro”, asseverou.
Crítica – Na diplomação no TRE, o governador Ricardo Coutinho criticou a judicialização das eleições e defendeu imediata reforma política: “Esse modelo está falido, esgotou”.
Abuso – Sobre a Aije movida pelo MPE, Ricardo se disse tranqüilo quanto à acusação de crime eleitoral. “A Paraíba sabe quem abusou do poder econômico, que não fui eu”, despistou.
Custos – “As eleições precisam ser mais baratas. A reforma política precisa ser feita, mas com participação popular, não só por nós, seria um erro profundo”, advertiu Coutinho.
Diferencial – “Esse é um dia muito especial para mim, nestes vinte anos de militância. Quero agradecer a minha militância, que transformou um sonho em realidade”, disse.
Expectativa – Quanto à reforma no secretariado, Ricardo aumentou a ansiedade dos cotados: “Tenho até o dia 31, vou pegá-los de surpresa”. Fez muita gente roer o resto das unhas.
Fim – No discurso, o presidente do TRE, Saulo Benevides, ressaltou o final da missão e brincou com a esposa, presente ao evento. “Acho que agora vou voltar pra casa”.
Modelo – Procurador Regional Eleitoral, Rodolfo Alves sublinhou que “ninguém pretende que a democracia seja perfeita, mas que a democracia é a melhor forma de governo”.
Palanque – A cerimônia de diplomação dos eleitos, ontem no Espaço Cultural, serviu para a manifestação das claques, presentes com vaias aos adversários e aplausos aos aliados.
Trocando os… – Ao telefone, o deputado Damião Feliciano (PDT), marido da vice eleita, Lígia Feliciano (PDT), deitou a falar por vários minutos sobre a ação movida pelo MPE…
… Nomes – Só quando o interlocutor se identificou, deu conta: não conversava com Ronaldo Barbosa, presidente do PSB da capital. Na linha, era outro Ronaldo, o Cunha Lima.
PINGO QUENTE – “Ele cospe no prato que comeu”. Do vereador João Almeida (SD), repudiando a postura do suplente Ronivon Mangueira, que lhe acusou de se apropriar de verba de gabinete
*Reprodução do Correio da Paraíba.
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