João Pessoa, 16 de setembro de 2014 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Até casamento fica difícil se sustentar com cônjuges caminhando para lados opostos. Quando ambos não se entendem e a balança das visões de mundo, sonhos e objetivos pende mais para o conflito do que para o consenso, é sinal de que a relação está ameaçada a um final antes do preceito da separação só pela morte.
Por mais que se amenize nas tintas, a aliança PT e PSB na Paraíba entrou em aberta rota de colisão. Se não pela dependência tático-eleitoral ou pelas declarações públicas dos dirigentes do PT calculadas para diminuir o impacto do estrago, mas irremediavelmente do ponto de vista do conceito.
Nesse quesito, as candidaturas de Ricardo ao governo e Lucélio ao Senado viraram água e óleo, após as duras declarações do governador contra a gestão da presidente Dilma, a quem o socialista responsabilizou, enfaticamente, pelo baixo crescimento do PIB e riscos de desemprego e inflação.
Curioso é que, antes, a primeira-dama do Estado, Pâmela Bório, também atacou publicamente o PT nas redes sociais. Como agora, restou ao partido engolir no seco mais um constrangimento.
Discursos que atingem frontalmente a plataforma de campanha do petista, forjada quase integralmente na defesa das conquistas e ampliações de ações do governo Dilma. Não há praticamente um guia eleitoral em que Lucélio – de forma acertada – deixe de citar Dilma, Lula e as políticas públicas gestadas pela dupla.
Na estratégia de conquistar o voto de senador, Lucélio vale-se repetida e massivamente desse legado e resultados para validar um discurso que, de repente, passou a ser enérgica e empenhadamente desconstruído pelo seu próprio companheiro de chapa e candidato a governador.
Para Ricardo, a gestão Dilma representa um perigo a ser derrotado nas urnas. Para Lucélio, é uma de suas principais bandeiras e cartão de apresentação. Como compatibilizar isso na cabeça do eleitor?
Efeito…– Petistas ouvidos pela Coluna pediram reserva, mas confessaram: na carreata de domingo na Capital – um dia após as críticas de Ricardo – o clima não era mais o mesmo.
Colateral – “Ele (Ricardo) botou fogo na militância dele (do PSB) e jogou água fria na nossa (do PT)”, desabafou um dirigente petista e secretário da Prefeitura de João Pessoa.
Vital defende Dilma – Solidário a Dilma e ao PT, o senador Vital do Rêgo (PMDB) disse não se surpreender com a postura adotada pelo governador em relação à gestão petista. Acusou Ricardo de “fazer questão de omitir a participação do Governo Federal nas suas obras”. Citou o Centro de Convenções e o Canal Acauã-Araçagi.
Assimilado – Anselmo Castilho, dirigente do PT, diz ter entendido o recado: “Ele não só constrangeu, mas declarou de forma explícita que não quer governar a Paraíba com o PT”.
Tratamento… – Na carreata de Lucélio e Ricardo, domingo na Capital, o deputado Anísio Maia (PT) foi abordado por fiscais da Justiça Eleitoral por estar em cima de uma caminhoneta.
…Igualitário – Maia reagiu: “Por que vocês não param também o governador”? Enquanto discutia, assistia sua concorrente, Estela Bezerra (PSB), desfilar em carro aberto sem problemas.
Unilateral – O vereador Djanilson da Fonseca (PPS) foi alvo de ação inédita na Câmara da Capital: o despejo de aliado. Ele foi dispensado da base, segundo o líder Marco Antônio (PPS).
Surpresa – A dispensa seria por suposta posição de independência na Casa. Djanilson – cuja esposa (Leila) é candidata à senadora – estranhou: “Nunca tomei essa posição na Câmara”.
Mira – Em Pedras de Fogo, Ricardo Coutinho recorreu ao discurso idelológico. Para ele, na Paraíba “uma oligarquia, uma família, quer dominar a política em benefício próprio”.
Denúncia – O guia eleitoral de Cássio denunciou ontem o então secretário do Empreender, Tárcio Pessoa, por liberar R$ 400 mil para uma ONG dirigida pelo pai Willy Pessoa, em Cuité.
Resposta – Tárcio nega que o pai tenha sido beneficiado. Atual secretário de Finanças do Estado, ele achou a denúncia absurda, quer retratação e prometeu acionar a Justiça.
Otimismo – O advogado Harrisson Targino está confiante na retomada do julgamento do registro de Cássio. Entende que o TSE já firmou maioria. “A vontade do povo prevalecerá”, crê.
Pergunta-se – Responda rápido: Em horário de expediente, servidor público comissionado é para estar trabalhando ou gastando as horas fazendo militância política nas redes sociais?
PINGO QUENTE – “Os que se atacavam agora estão juntos se abraçando”. Do senador Cícero Lucena (PSDB), condenando o festival de incoerência presente na eleição da Paraíba.
*Reprodução do Correio da Paraíba.
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