João Pessoa, 31 de agosto de 2014 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Muito mais preocupados em desqualificar ou reduzir à mera consequência emocional do impacto da morte de Eduardo Campos, setores dominantes no Brasil não se apercebem ou fingem não entender porque a ex-ministra Marina Silva ascende nas pesquisas ao ponto de virar ameaça real à reeleição de Dilma.
Sem estrutura partidária, sem palanques regionais e desprovida do diferencial expressivo de uma máquina azeitada, Marina é fruto de um estado de espírito da sociedade brasileira, cansada, enfastiada e enojada do maléfico, ultrapassado e doente modelo político em voga.
Como os concorrentes, tem suas fragilidades e contradições, mas é nela, quase por eliminação, que parcela significativa da população começa a ver uma chance de revisão de um Brasil cujos destinos estão fatiados nas mãos das velhas raposas. Resultado? Uma política prostituída, um Congresso promíscuo e um governo refém.
Um País que se dê ao respeito não pode se permitir fazer de sua estrutura moeda de troca para composição do guia eleitoral. Os altos postos da Nação estão na sopinha de letras que congrega a coligação da atual presidente. Cada uma das siglas presentes tem um ministério pra chamar de seu. Uma explícita negociação eleitoral com a estrutura paga pelo contribuinte e uma repetição do que se viu com o PSDB.
Um estado de coisas que não se restringe ao Planalto. O processo político como um todo chegou ao nível da avacalhação geral. Na Paraíba, a coisa chegou ao ponto da perda completa de pudor. Os líderes partidários não se dão ao respeito e nem respeitam o que eles mesmos decidiram, isoladamente, e oficializaram na Justiça Eleitoral. Sem maiores explicações, decidem no meio da eleição trair a própria coligação que solenemente celebrou e anunciam votos em candidatos de outros blocos partidários.
Os partidos viraram apenas instrumentos formais de desavergonhada negociação da viabilidade de projetos individuais. É dessa suruba político-eleitoral que o Brasil cansou. Marina é só o cano de escape. Para o bem ou para o mal? O futuro dirá.
*Artigo do jornalista publicado no Correio da Paraíba, edição do dia 31/08/2014 (domingo).
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