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Mulher não consegue fazer exame ginecológico ‘por ter nome de homem’

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publicado em 16/10/2015 ás 08h32
atualizado em 16/10/2015 ás 08h55

“É um descaso e eu fiquei indignada. Não pude fazer os exames ginecológicos, porque dizem que tenho nome de homem”, fala Ivaney Lopes Cardoso, moradora de Montes Claros (MG). A mulher de 46 anos, que tem plano de saúde da Unimed, foi até um laboratório conveniado com um pedido para a realização de procedimentos que mostram os níveis de hormônio, e poderão confirmar também a suspeita de gravidez. Mas ela não conseguiu fazer nenhum deles.

“Pago o plano de saúde e quando preciso não consigo usar, fiquei 15 horas sem comer e não fiz os meus exames por causa de uma justificativa absurda, tenho a carteirinha, mostrei a identidade, mesmo assim continuaram dizendo que meu nome é masculino”, desabafa a cozinheira, que registrou um boletim de ocorrência e pretende acionar a Justiça.

Ivaney questiona a justificativa de “ter nome de homem”, já que ela fez exames de sangue no laboratório em fevereiro deste ano, utilizando os mesmos documentos.

Escolha do nome
“Quando eu estava grávida, pensei que se fosse menina, ia chamar Maria, nome da minha sogra que não conheci, porque quando casei ela já tinha falecido. Mas eu vi uma menininha chamada Ivanirde, achei muito bonito, porém não queria colocar o mesmo nome, por isto escolhi Ivaney e achei lindo”, conta Alice Lopes Cardoso, de 85 anos, mãe de Ivaney.

Antes de Ivaney nascer, os pais dela tinham oito filhos. “Eu sonhava em ter uma filha, mas nunca ia imaginar que esta confusão poderia acontecer por causa do nome dela”, diz a aposentada.

Apesar do problema enfrentado no laboratório, a cozinheira é enfática ao dizer que não pretende trocar de nome, o que é permitido por Lei. “A minha mãe escolheu Ivaney com todo amor, ela acha lindo e eu também, não vou mudar de nome. Era o sonho dela e do meu pai de ter uma filha, quando eu nasci teve até foguete.”

Ivaneis e Ivaneys em Montes Claros
Em Montes Claros, há 14 pessoas registradas como Ivaney e Ivanei, apenas uma delas é mulher. Cláudio Teixeira chefe do Cartório de Registro Civil explica que alguns nomes geram confusão e cita Sidnei e Deusdete como alguns deles.

Cláudio também afirma que são pedidos por ano, dois ou no máximo três pedidos por troca de nome por causa de casos como de Ivaney.

“É algo simples de fazer, falta um pouco de conhecimento por parte das pessoas, não precisa de ter nem advogado, basta ir ao fórum e ingressar com um pedido de mudança, alegando que o nome está causando constrangimento”, explica o chefe de cartório.

O que diz o  laboratório
A médica responsável pelo laboratório, onde Ivaney tentou fazer o exame, explica que a Unimed não autorizou a realização do procedimento.

“Todo exame que é realizado através de plano de saúde precisa de uma autorização. No caso desta paciente, foi pedido e negada esta autorização pelo sistema. Todas as vezes orientamos para que procurem  pelo convênio de origem para saber o que ocorreu, algumas  vezes conseguimos resolver no laboratório. No caso dela, a justificativa dada foi porque o cadastro está como masculino e os exames que ela veio fazer são para dosar hormônios femininos”, fala Christine Mendes.

O que diz a Unimed
Em nota, a Unimed afirmou que o cadastro de Ivaney foi corrigido e que ela já pode fazer os exames ginecológicos.

G1