João Pessoa, 27 de outubro de 2015 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
As equipes de resgate tentavam nesta terça-feira (27) encontrar sobreviventes do potente terremoto que deixou cerca de 300 mortos no Paquistão e no Afeganistão, uma tarefa complicada pela topografia montanhosa da região e pela presença dos talibãs.
Pelo menos 241 morreram no Paquistão e 84, no Afeganistão. Mais de 1000 pessoas ficaram feridas só no Paquistão. É provável que o número de vítimas deste terremoto de magnitude 7,5 registrado na segunda-feira (26) aumente à medida que as equipes de busca avancem em zonas remotas, isoladas do resto do mundo depois dos deslizamentos de terra e do corte das comunicações.
É o caso do distrito de Kohistão, na província paquistanesa de Khyber Pajthnjwa (noroeste), cujas autoridades não puderam ser contactadas pela polícia para informar sobre a situação de seus 500.000 habitantes, explicou um agente de Peshawar. A ajuda de emergência começou a chegar nesta terça a algumas das áreas mais atingidas no Paquistão.
“O sistema de comunicações está interrompido e as estradas cortadas, então não podemos dizer nada sobre os danos sofridos ali”, disse o policial à AFP.
A maioria das vítimas foi registrada no Paquistão, onde morreram ao menos 241 pessoas (196 delas em Khyber Pajtunjwa) e mais de 1.100 ficaram feridas, segundo a Autoridade de Gestão de Catástrofes Naturais.
As autoridades paquistanesas mobilizaram o exército e colocaram em alerta todos os hospitais do país. “Várias casas e edifícios da cidade desabaram”, declarou o prefeito de Peshawar (noroeste), Arbab Muhamad Asim.
“O edifício balançava como um pêndulo, tive a impressão de que o céu desabaria de uma hora para outra”, disse à AFP Tufail Ahmed, um comerciante desta cidade, onde muitas pessoas seguiam presas sob os escombros dos edifícios que desabaram.
“Foi terrível. Lembrou-me de 2005”, disse uma mulher de cinquenta anos que saiu correndo de sua casa no centro da capital, Islamabad, quando a terra começou a tremer.
Há dez anos, no dia 8 de outubro de 2005, um terremoto de magnitude 7,6 no Paquistão com um epicentro próximo ao do tremor de segunda-feira provocou a morte de 75.000 pessoas e deixou mais de 3,5 milhões nas ruas.
Cenas de horror no Afeganistão
O primeiro-ministro Nawaz Sharif voltou nesta terça-feira ao Paquistão após uma visita aos Estados Unidos e disse que o governo anunciará um plano de ação em pouco tempo. Posteriormente visitou o distrito de Shangla, em Khyber Pajtunjwa, que pode ser o mais afetado, com 49 mortos registrados até agora.
Em Peshawar vários monumentos históricos foram danificados, como o forte de Bala Hissar, que domina a cidade, e uma mesquita do século XVII.
No Afeganistão, o balanço provisório foi revisado em alta nesta terça-feira, a 84 mortos, além de centenas de feridos e 4.000 casas destruídas. O terremoto gerou cenas de horror no noroeste do país, onde 12 meninas morreram em um tumulto quando tentavam sair de sua escola.
O primeiro-ministro afegão, Abdullah Abdullah, disse que foram registradas “importantes perdas humanas e materiais”, principalmente no nordeste.
A região fronteiriça entre Paquistão e Afeganistão também é palco de combates entre as forças governamentais e os talibãs, que pediram às organizações humanitárias e aos seus próprios combatentes que ajudem as vítimas.
O Afeganistão sofre com frequência terremotos, em particular no maciço do Hindu Kush, situado na falha entre as placas tectônicas indiana e euroasiática.
Índia
Na Índia, o terremoto provocou a interrupção do metrô de Nova Délhi, uma cidade a mais de 1.000 km do epicentro. E em Srinagar, a principal cidade da parte indiana da Caxemira, fronteiriça com o Paquistão, os habitantes saíram correndo às ruas, muitos com crianças nos braços. A rede de telefones celulares ficou cortada e o tráfego imobilizado.
Pouco depois do terremoto, Narendra Modi, o primeiro-ministro indiano, grande rival regional do Paquistão, disse no Twitter que seu país está disposto a oferecer ajuda às vítimas dos dois países.
O tremor foi sentido até na Ásia Central, sobretudo em Dusambé, a capital do Tadjiquistão, onde muitas pessoas precisaram sair de suas casas ou apartamentos, e também no Uzbequistão e Quirguistão.
Segundo o Instituto de Geologia dos Estados Unidos (USGS), o epicentro do tremor de segunda-feira se situou em Jurm, ao extremo nordeste do Afeganistão, a uma profundidade de 213,5 km.
G1
OPINIÃO - 22/11/2024