João Pessoa, 18 de novembro de 2015 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
O resultado da eleição é um número. A história dele não se resume a dados. Para alcançar a vitória na eleição da OAB, o advogado Paulo Maia teve que superar muitas etapas. Quando lançado, foi alvo de todo tipo de subestimação, inclusive dos que mais tarde aderiram à sua chapa.
Paciente, costurou adesões. Resiliente, soube perder apoios. No curso da campanha, recorreu a um aliado decisivo e estratégico: o silêncio para agir, conquistar e somar, sem estardalhaços. Com discrição, ouviu calado a pirotecnia e o “já ganhou” dos adversários.
Para enfrentar o poder de fogo da estrutura montada para tratorá-lo, com direito a apoios de poderosos escritórios e reforços de aparatos governamentais fortemente envolvidos na disputa, Paulo Maia preferiu atuar nos bastidores e com o pé no chão, levando muitos a confundirem moderação e inteligência emocional com fraqueza.
Em todos os aspectos, levava desvantagem. Não tinha o engajamento da atual diretoria da Ordem, débil nas fontes de financiamento de campanha e poucos instrumentos à disposição na construção de imagem, gestão publicitária e penetração na mídia.
Ao seu favor, entretanto, o determinante: os ventos de mudança, fortalecidos pela constatação de um gradativo esmorecimento da Ordem como protagonista das grandes lutas e causas da sociedade – tantas vezes alertado aqui neste espaço – e agravado pelo ambiente de amarras políticas.
Embalado pela jovem advocacia, Paulo soube catalisar para si essa expectativa de renovação que vai além da alternância e desemboca no desejo de uma representação autônoma, altiva e próxima dos grandes e pequenos. Para surpresa de muitos, inclusive desse colunista, esse sentimento nadou contra a maré da supremacia do poder, atravessou vendavais de dúvidas e chegou à margem de pé.
Mea…
Antes mesmo do fim da apuração e resultado oficial, o advogado Carlos Frederico Farias jogou a toalha, em mensagem à Coluna: “Não foi dessa vez”.
…Culpa
Aliados de Carlos Frederico confidenciaram , ao final: “Esbanjou-se muito. Deveríamos ter sido mais silenciosos e cautelosos nisso”.
Debaixo…
Não foram poucos os advogados com carros e camisas adesivadas de Fred que sussurraram nos ouvidos de Paulo Maia e aliados o verdadeiro voto.
…Dos panos
A chapa de Maia sofreu até com a lista fornecida pela OAB dos eleitores aptos, recheada de contatos errados. “Não falamos com 50% dos eleitores”.
Trancos e barrancos
“Devo essa vitória aos advogados da Paraíba que, de forma livre e independente, foram às urnas”, comemorou Paulo Maia, ao término da apuração. Ao 60 minutos – da Rede Arapuan de Rádios –, Maia admitiu dificuldades “até de locomoção” durante a campanha. “A eleição acabou”, disse, sinalizando para mãos estendidas aos derrotados.
BRASAS
*O polêmico Jair Bolsonaro desembarca em João Pessoa avisando aos navegantes: não tem medo de grito e nem de cara feia.
“Quem quiser gritar vá um estádio de futebol ver seu time”, ironizou o parlamentar, ontem, no 60 minutos.
*Depois da exitosa cirurgia para retirada de tumor na região dorsal, o secretário Adalberto Fulgêncio já voltou a ativa.
*Com a chegada de Aleuda Sá, a Saúde de João Pessoa chega ao terceiro secretário em menos de três anos.
*A saúde financeira dos cofres estaduais não era bem a radiografada pelo governo.
*A derrota não tira os méritos de Carlos Frederico. Durante a campanha, ele cresceu em desenvoltura e aqueceu sua militância.
*Rompido com Odon Bezerra, Carlos Fábio Ismael, vice de Maia, está de alma lavada.
*Edward Johnson (conselheiro federal) e Johnson Abrantes lutaram com a faca nos dentes em favor de Paulo Maia.
*Militantes da chapa I extravasaram emoções da vitória no Bar Devassa.
*Depois dessa reviravolta, Caius Marcellus, definitivamente, não é um exemplo de “pé quente”.
FALA CANDINHA!
Assim que terminou a eleição da OAB, dona Candinha puxou a cadeira e uma conversa com a vizinha.
– Mulher, tu sabe quem é a maior liderança da Paraíba?
– Ricardo – , respondeu na bucha a colega de futricas.
Dona Candinha balançou a cabeça negativamente.
– Cássio Cunha Lima – , arriscou, de novo a interlocutora.
Dona Candinha repetiu o gesto.
– Luciano Cartaxo – , disse a vizinha, meio descrente, tentando a última cartada.
Candinha respirou fundo e com aquele sorriso no canto da boca arrematou:
– É Paulo Maia! Ganhou de todos eles de uma vez.
PONTO DE INTERROGAÇÃO
Quem diria que um toca-fitas venceria um paredão de som?
PINGO QUENTE
“Uma pessoa fundamentalista e preconceituosa”!
Do vereador Fuba Maroja (PT-foto), caracterizando o deputado Jair Bolsonaro.
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OPINIÃO - 22/11/2024