João Pessoa, 25 de dezembro de 2015 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Quando subia na balança e se deparava com quase 150kg, Gabi Garcia não se achava obesa ou fora de forma. Com este peso, a gaúcha de Porto Alegre foi nove vezes campeã mundial de jiu-jítsu, mas já não encontrava motivação para continuar no tatame. Com o sucesso do MMA, a jovem de 30 anos viu na modalidade a chance de encontrar um novo rumo, mas precisava vencer o primeiro desafio: emagrecer. Em três anos e meio, com dieta e exercícios, emagreceu 60kg e fará a sua estreia no Rizin FF, o novo Pride, no Japão, no dia 31.
— Pratico jiu-jítsu desde os 8 anos e virei profissional aos 22. Ganhei tudo que poderia e não vi mais desafios. Perdi o prazer da cobrança, não dos outros, mas minha mesmo — diz: — Pensei no MMA, comecei a treinar boxe e muay thai, mas estava acima do peso. Encontrei um médico, um guru, que me passou uma dieta que mudou a minha vida.
Com 1,86m, Gabi era considerada pela nutrição uma pessoa obesa. Mesmo com a perda de peso, a lutadora não encontrou uma categoria em que pudesse competir, porque no máximo poderia chegar a 85kg.
— Sofria com o efeito sanfona. E não adianta fazer dieta sem mudar de vida, a cabeça. Como tudo orgânico, sem sal e açúcar. Meu maior medo é engordar. Saí um dia da dieta e passei muito mal. Não emagreci por estética, foi pelo MMA e pela saúde — ressalta Gabi, admitindo que é vaidosa: — Gosto de usar maquiagem e tenho 600ml de silicone em cada seio.
Em junho, a gaúcha trocou o Brasil pelos EUA, após ser convidada para estrear no Rizin. Ela foi convencida pelo seu treinador de jiu-jítsu que deveria ir treinar com Rafael Cordeiro, o técnico dos campeões do UFC Rafael dos Anjos e Fabrício Werdum.
— Eles me chamaram para ser estrela do evento. Fiz grandes coisas no jiu-jítsu e cresci vendo os meus ídolos se destacarem no Pride. Hoje, não sei mensurar o valor de estar no mesmo lugar deles — conta: — O mais legal é ser respeitada pela atleta que sou, pelos meus amigos Werdum, Dos Anjos, Anderson Silva, Minotauro.
Com quatro anos de contrato, a lutadora deve subir no octógono a cada sete meses. Ela garante que nunca sonhou competir no UFC:
— Não lutaria com convicção total. No Rizin, eles pagam e tratam bem. Não que no UFC não trate, mas não quero ser apenas mais uma. como seria no UFC. Quero fazer o meu nome e ter o meu espaço – afirmou.
Minotauro como ídolo no esporte
Mas aprender os outros esportes e ganhar agilidade em pé não foi fácil. A gaúcha levou muita porrada, muito soco na cara e chutes e treinava três vezes por dia, só para melhorar no boxe e muay thai. udo para ficar 100% para encarar a americana Lei’D Tapa, quem vem do wrestling profissional e se destacou no telecath.
– Meu corpo sentiu um pouco, o cansaço. Fiquei com a imunidade baixa, mas estou muito calma, confiante e feliz. Nada pode ser pior que o treino, fui até nocauteada, apanhei muito. O dia da luta é celebração e estou preparada. Ela vai tentar entrar no meu psicológico, tem experiência, é muito preparada. Mas vou dar o máximo. Quem sabe, não a nocauteio (risos) – comenta
Gabi se inspira em um ídolo do MMA para se dar tão bem no esporte: Rodrigo Minotauro. O ex-peso-pesado foi campeão no Pride, ícone do esporte no Japão e no Brasil assim como se destacou no UFC, onde é diretor executivo atualmente. A gaúcha se encontrou com o baiano nas últimas semanas de camp e ganhou palavras de incentivo.
– O Minotauro, para mim, é um ídolo, é como o Ayrton Senna para as demais pessoas. Ele é, além humildade, uma pessoa simples. Queria ser metade do que ele foi no esporte. Ele é o espelho que um campeão tem que ter, é uma lenda. Ele me disse: “Gabi, tenha confiança no seu treino, você está muito preparada. Vi teu treino e está bem. Não acredito em fenômeno, mas em trabalho duro. Faça o seu”. Ele só me deixou confiante – fala.
Apesar do lado lutadora, exibir barriga tanquinho e ter músculos, Gabi é bem mulherzinha. Não deixa de fazer as unhas toda a semana, adora cuidar do cabelo e do corpo e tem um vício que toda mulher vaidosa mantém: ama maquiagens.
– Sempre estou com as unhas feitas e adoro pintá-las de rosa para lutar. Faço sobrancelha, cabelo… Posso usar moletom no dia a dia, mas para sair, sempre me arrumo, colo vestido, brinco, maquiagem – conta a vaidosa Gabi. – Tenho uma coleção de batons. Sempre que lançam um, já corro para comprar. Gosto de me maquiar e sei todos os truques. Saio perfumada, e sabem que passei porque o cheiro fica (risos). Sou vaidosa mesmo. Tenho até silicone. A primeira prótese coloquei com 19 anos. De tanto que emagreci, ele descolou. Há três anos, coloquei 600ml. Não atrapalha nada, mas tenho que tirar o resto do corpo para não pesar mais (risos). Tem que manter esse lado feminino, porque já vivo no mundo masculino.
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