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‘O silicone salvou minha vida’, diz advogada vítima de atentado

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publicado em 04/01/2016 ás 09h34

“Quando eu já estava caída, ele se aproximou e deu um tiro à queima-roupa no meu peito. Depois eu protegi minha cabeça com as pernas e ele efetuou outro disparo, desta vez acertando meu joelho, que ficou estraçalhado e quebrou a tíbia. No hospital, o médico me disse que o tiro no peito não atingiu o coração porque acertou a minha prótese. Ou seja: o meu silicone salvou a minha vida”. O relato é da advogada Paloma Gurgel de Oliveira Cerqueira, de 28 anos, vítima de um atentado ocorrido em uma lanchonete próximo à avenida Ayrton Senna, na Zona Sul de Natal, no dia 19 de dezembro passado. Paloma recebeu alta do hospital quatro dias após o crime e está escondida em outro estado. Por telefone, ela conversou com oG1.

Segundo Paloma, ela já vinha recebendo, mesmo que de forma indireta, ameaças de morte. “Tudo começou alguns meses atrás. Sou advogada criminalista e tenho mais de 300 clientes presos e quase outros 100 soltos, inclusive alguns de presídios federais. Houve uma discussão com uma pessoa cujo nome já foi repassado à polícia, mas não se trata de nenhum cliente. Depois disso, através de outras pessoas, fui informada que poderia ser morta. Me mantive tranquila por ainda achar que não tinha inimizades, até que aconteceu isso comigo”, falou.

Paloma disse que no dia 19 havia acabado de chegar a Natal de uma audiência em Fortaleza. “Cheguei, passei no meu escritório e fui para casa. No caminho, recebi um telefonema da minha sócia chamando para ir a essa lanchonete. Lanchamos e quando fui ao carro pegar minha bolsa para pagar a conta, um homem se aproximou e, sem falar nada, começou a atirar em mim”, contou.

De acordo com a advogada, o homem usava bermuda preta, camisa azul claro e boné. “Quando percebi que ele iria atirar, subi meu braço para me proteger. O primeiro tiro atingiu meu braço direito, atingindo um nervo, o que pode me deixar com sequelas na mão. Após esse tiro, ele acertou outras quatro vezes a minha bolsa. Com o impacto, eu caí no chão. Foi quando ele deu os outros dois tiros. Como eu fiquei imóvel fingindo estar morta e as pessoas que estavam na lanchonete e em uma igreja próxima começaram a gritar e correr, o bandido se assustou e foi embora. Segundo testemunhas, ele fugiu em uma caminhonete preta”.

Paloma descarta as possibilidades de tentativa de assalto ou de vingança por parte de qualquer cliente dela. “Não foi assalto porque o homem que me baleou sequer falou algo para mim. Ele apenas atirou. E descarto que isso tenha sido a mando de qualquer cliente meu, até porque tenho uma relação profissional muito bem sucedida com todos eles. Como disse, a única pessoa que poderia ter motivação para atentar contra a minha vida foi essa que citei. A Polícia Civil já sabe disso e está investigando o caso. Espero que seja logo elucidado, pois os indícios e provas são bastante claros”.

De acordo com Paloma, o fato de ser advogada criminalista não foi motivador para o atentado. “As pessoas se tornam extremanente ignorantes quando confundem o profissional com o cliente. Advogados criminalistas não defendem o crime, nem muito menos o bandido, e sim seus direitos que lhes foram atribuídos pelo Poder Legislativo. Além do mais, o advogado é um mero pedinte, porque quem ‘solta ou não’ o acusado do ilícito é o juiz”.

Paloma Gurgel disse que ficou quatro dias internada em um hospital de Natal, sempre com escolta de seguranças contratados por ela. Nesse período, passou por quatro cirurgias – três no joelho esquerdo e outra no braço direito. “Assim que recebi alta, fui ao meu apartamento, fiz uma mala e saí de Natal. Não sei se vou voltar a essa cidade, pois tenho medo do que pode acontecer aí. Minha preocupação agora é me recuperar o quanto antes e poder voltar a defender meus clientes, cujos processos estão parados”.

O caso está sendo investigado pela equipe da 10ª delegacia de Polícia, no bairro de Pirangi, Zona Sul de Natal.

G1