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NO ESPÍRITO SANTO

Senador deixa PMDB, critica aliança com a Dilma e vai para o PSDB

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publicado em 15/01/2016 ás 16h45

O senador Ricardo Ferraço (ES) anunciou nesta sexta-feira (15) o desligamento dele do PMDB, partido que compõe a base do governo. Com a saída do senador, o PMDB deixa de ter 18 nomes no senado e passa a ter 17. O PSDB pode ser o próximo partido do parlamentar..

Em nota, Ferraço afirmou que apelou “reiteradas vezes” para que o PMDB deixasse a aliança com o PT e com a presidente Dilma Rousseff.

“Tenho defendido que o partido abandone o quanto antes essa aliança política responsável pela atual derrocada política, moral e econômica do Brasil, com graves consequências sociais. Ingenuamente, cheguei a acreditar que esse afastamento se daria, mas o que temos visto é a insistência na manutenção da aliança espúria, sem perspectivas de novos rumos”, escreveu.

Atualmente, o senador é membro titular de sete comissões no Senado, entre as quais, as de Assuntos Econômicos (CAE) e Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). Ferraço também é relator da CPI do HSBC, que apura eventuais irregularidades relacionadas a brasileiros nas denúncias do “Swissleaks”, como ficou conhecido o escândalo gerado a partir do vazamento de informações bancárias de clientes do banco inglês.

Próximo destino
Apesar de Ferraço estar em negociação com oPSDB, a assessoria do senador não oficializou o destino do parlamentar e disse que ele deve fazer o anúncio nas próximas semanas.

Mesmo quando estava no PMDB, Ferraço foi, nas eleições de 2014, o coordenador da campanha presidencial do senador Aécio Neves(PSDB-MG) no Espírito Santo.

O líder do PSDB no Senado, Cassio Cunha Lima (PB), afirmou que a negociação de Ferraço com os tucanos “está bem avançada” e que após o Carnaval a situação deve ser decidida. Se a ida de Ferraço para o PSDB for confirmada, o partido passará a ter 12 nomes no Senado.

“Só não está 100% fechado porque há preocupação tanto do PSDB quanto do senador Ferraço de tentar construir um caminho que possa gerar conciliação na política do Espírito Santo”, disse.

De acordo com o senador tucano, Ferraço tem compromisso de apoiar a reeleição do prefeito de Vitória em 2016, Luciano Rezende, do PPS. Ao mesmo tempo, o PSDB pode ter um candidato, Luiz Paulo Vellozo Lucas. “Ferraço tem constrangimento natural de ir para o PSDB e na chegada ter divergência interna por força do compromisso que tem com o atual perfeito”, explicou.

Cássio Cunha Lima disse que o PPS é um aliado importante do PSDB e disse que vê com “naturalidade” a possibilidade de os tucanos apoiarem o PPS em Vitória. Ele destacou, no entanto, que é necessário ouvir o PSDB no estado.

Leia a íntegra da nota divulgada pela assessoria de imprensa do senador:

Informei esta manhã ao líder do PMDB no Senado, Eunício de Oliveira, e ao presidente regional do PMDB no Espírito Santo, deputado federal Lelo Coimbra, o meu desligamento do partido.

Tomei esta decisão a despeito de minha sintonia com a legenda no estado, liderada pelo governador Paulo Hartung, que, desde a sua última administração, vem realizando profundas e positivas mudanças das quais fui e sou parceiro, além de ser um exemplo de gestão pública e de práticas políticas.

Deixo bons amigos e companheiros no PMDB capixaba, com os quais tenho grande apreço e pretendo continuar tendo as mesmas respeitosas relações. A postura digna da legenda no estado se compara a das representações no Rio Grande do Sul, de Pedro Simon, em Pernambuco, de Jarbas Vasconcelos, e em Santa Catarina, do saudoso Luiz Henrique da Silveira, entre outras. A independência e a coragem foram e são as suas marcas.

Mas, infelizmente, a grande mudança que precisamos e devemos realizar no país não será feita pelos nossos estados, mas, sim, no plano nacional. Apelei reiteradas vezes ao PMDB que deixasse a aliança liderada pelo PT e pela presidente Dilma Rousseff na Presidência da República, em nome de suas grandes tradições, notadamente na luta pela redemocratização de nosso país.

Tenho defendido que o partido abandone o quanto antes essa aliança política responsável pela atual derrocada política, moral e econômica do Brasil, com graves consequências sociais. Ingenuamente, cheguei a acreditar que esse afastamento se daria, mas o que temos visto é a insistência na manutenção da aliança espúria, sem perspectivas de novos rumos.

É chegado o momento de buscarmos a união de forças para derrotar de vez esse projeto de poder que tanto mal faz ao nosso país e às futuras gerações.

Com os meus sinceros cumprimentos aos colegas do PMDB, particularmente os do Espírito Santo, continuarei lutando em outras trincheiras por dias melhores para todos, resgatando a honra na política, a justiça social e o desenvolvimento. Como disse o pensador Thiago de Mello, não tenho um caminho novo. O que eu tenho de novo é um jeito de caminhar.

Ao expor essa minha convicção, desejo sinceramente que o governador Hartung possa refletir sobre ela e tomar igual decisão de deixar o PMDB.

Vitória, 15 de janeiro de 2016