João Pessoa, 19 de janeiro de 2016 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Em uma hora de entrevista, atentei para alguns detalhes. Da fisionomia ao discurso, o prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, transmite leveza, domínio e segurança. Fala com serenidade da sua relação com o futebol, desde à adolescência, ao indigesto tema do rompimento com o PSB.
Cartaxo se priva de qualquer ataque mais ácido ou de alguma acusação direta, a quem quer que seja, mesmo quando provocado inúmeras vezes durante a entrevista que conduzi, ontem à noite, no Frente a Frente, em canal aberto pela TV Arapuan.
No máximo, se limita, sem elevar o tom, a deixar alguns recados conceituais. “Não sou fabricado”, numa menção velada à candidatura do PSB. “Não adianta jogar qualquer número no ar porque eles serão bem checados na hora certa”, disse, referindo-se as 500 ruas que Ricardo diz ter pavimentado em João Pessoa. E um singelo “eu fiz minha parte no pior momento da vida política do governador”, para se referir ao seu papel na eleição de 2014. Nesses pontos é firme, sem perder o controle das emoções.
Aliás, é o único assunto que faz o prefeito alterar, discretamente, o semblante. Deixa em alguma das suas expressões faciais um ar de quem guarda certo amargo. Mas, cuidadoso com os verbos e adjetivos, evita dizer qualquer palavra que demonstre fragilidade ou arrependimento. Ao invés de admitir que errou, entrega a opinião pública o veredicto de quem foi vítima e réu nesse processo.
Na estratégia de diferenciação, usa exemplos de intervenções complexas, como as da Lagoa e das comunidades do São José e Saturnino de Brito, gargalos antigos, para assegurar que é possível mexer em vespeiros, com solução e acomodação dialogada.
Esses sinais da fala e do comportamento para muitos pode parecer pouco. Para quem observa melhor, diz muito. Ele traduz nos gestos a condição de quem, apesar dessa crise toda, chega ao ano da reeleição bem avaliado e posicionado pelas pesquisas e tendo o que mostrar ao eleitor. Um ambiente que lhe permite a demonstração de que está afiado, desassombrado e pronto para o debate. E com um bom humor para tirar os concorrentes do sério.
Público…
Oficialmente, o deputado Luiz Couto alegou necessidade de priorizar o mandato e ajudar o PT na Câmara Federal, para recusar candidatura a prefeito de João Pessoa.
…Privado
Nos bastidores, reservadamente, o padre justificou seu declínio da preferência na disputa com argumento de problemas e fragilidade de saúde.
Rota…
Com a saída de Couto, confirma-se a informação da Coluna: sem nada a perder, Charlinton Machado abraçará a missão partidária.
…Alternativa
Duas questões estimulam a candidatura petista: a defesa do legado da sigla e a sensação interna no PT que o secretário João Azevedo não vinga.
Engajamento social
“Vamos ser parceiros da sociedade”. A promessa é do presidente da OAB, Paulo Maia (foto). O advogado sinaliza para uma Ordem mais aberta e mais próxima das causas coletivas, deficiência apontada para a gestão anterior, durante o debate da eleição recente.
BRASAS
*Sujeira – Mais do que explicar, Lucius Fabianni, da Emlur, tem que regularizar o mais breve possível a coleta de lixo em João Pessoa. Chovem reclamações.
*Solidariedade – Abatido com a tragédia que envolveu um funcionário, Ulisses Cezarino, o prefeito André Gadelha cancelou sua agenda ontem na Capital e retornou para Sousa.
*Isolado – Enquanto a maioria do PPS de João Pessoa prefere o silêncio, o líder do governo, Marco Antônio, proclama seu apoio à gestão de Luciano Cartaxo.
*Sozinho – Sem concorrente à altura, o prefeito Leto Viana (PTN) segue favorito na disputa em Cabedelo.
*Cortes – Conglomerados de comunicação na Paraíba iniciam novo enxugamento no começo de 2016, ano incerto e ainda encoberto das nuvens da crise.
FALA CANDINHA
Bloco do Repelente
Dona Candinha resolveu carnavalizar na sua mensagem à Coluna de hoje: “Com tanta epidemia, a Muriçoca pode ser substituída pelo Aedes Egipty este ano…”
PONTO DE INTERROGAÇÃO
Até quando Luciano Cartaxo se contentará em ser apenas um ilustre filiado do PSD, do deputado Rômulo Gouveia?
PINGO QUENTE
“É um filho da puta”. Do ex-governador Roberto Paulino (PMDB-foto), sobre quem cogita aliança sua com o prefeito Zenóbio Toscano (PSDB).
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OPINIÃO - 22/11/2024