João Pessoa, 05 de fevereiro de 2016 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Documentos apreendidos pela Polícia Federal no escritório do pecuarista José Carlos Bumlai, em Campo Grande (MS), reforçam a tese de que ele pagou parte da reforma em sítio usado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Atibaia (SP). Uma planilha com nomes de fornecedores do pecuarista traz o nome da empresa Fernandes dos Anjos & Porto Montagens de Estruturas Metálicas vinculado a pagamentos que somam R$ 550 mil. Em depoimento ao Ministério Público de São Paulo, um representante dessa empresa disse ter recebido R$ 40 mil de Bumlai por serviços na reforma do sítio.
A Fernandes dos Anjos tem duas sedes, registradas em Colorado e em Nossa Senhora das Graças, no interior do Paraná. Está registrada como empresa especializada em “obras de alvenaria” e “montagem de estruturas metálicas”.
A força-tarefa da Operação Lava-Jato e o Ministério Público paulista tentam identificar os responsáveis pela reforma do sítio, que pertence a dois sócios de um dos filhos de Lula: Fernando Bittar e Jonas Suassuna. O local é usado com frequência pelo ex-presidente.
DEFESA NÃO DIZ POR QUE BUMLAI BANCOU OBRA
O documento que cita a Fernandes dos Anjos foi apreendido em 24 de novembro de 2015, na 21ª fase da Lava-Jato. Ele faz menção a dois pagamentos à empresa: o primeiro no valor de R$ 455,3 mil e o segundo, de R$ 94,6 mil, sem citar datas. Esse documento está anexado a um dos processos em que Bumlai é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro por causa de empréstimo forjado de R$ 12 milhões, contraído em seu nome. O objetivo era permitir ao PT o repasse de propina de um fornecedor da Petrobras.
O GLOBO perguntou ao advogado de Bumlai, Arnaldo Malheiros, quais serviços motivaram o pagamento de R$ 550 mil à Fernandes dos Anjos e por que o pecuarista pagou por serviços no sítio de Atibaia.
— Esses assuntos estão surgindo agora, e nosso cliente está preso em Curitiba, de modo que não temos informação para responder a seu questionamento — disse Malheiros.
Representes da Fernandes dos Anjos não foram localizados na quinta-feira.
Em nota, o Instituto Lula disse que, desde 2011, o ex-presidente frequenta “um sítio de propriedade de amigos da família” e que “a tentativa de associá-lo a supostos atos ilícitos tem o objetivo mal disfarçado de macular a imagem do ex-presidente”.
Na quinta-feira, o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro compareceu a Curitiba, onde corre a maior parte dos processos da Lava-Jato, para prestar depoimento na investigação sobre a participação da empreiteira na compra de móveis planejados da Kitchens, loja especializada em itens de cozinha, entregues no sítio de Atibaia e também no tríplex que estava reservado para a família Lula no edifício Solaris, no Guarujá (SP).
Durante o depoimento, Pinheiro permaneceu em silêncio. Pelo menos outros dois funcionários da OAS já foram ouvidos nesta investigação.
OGlobo
OPINIÃO - 22/11/2024