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‘Frente a Frente’

Debatedores confrontam posições sobre últimos fatos da Operação Lava Jato

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publicado em 07/03/2016 ás 23h01
atualizado em 08/03/2016 ás 09h20

O programa Frente a Frente, na TV Arapuan, foi marcado por um grande debate nesta segunda-feira. Quatro especialistas em Direito, Justiça, Política e História deram suas opiniões a respeito das repercussões das últimas ações da operação Lava Jato. Em especial, a condução coercitiva do ex-presidente Lula da Silva pela Polícia Federal.

Por uma hora e meia, o apresentador e jornalista Heron Cid conversou com o advogado Delosmar Mendonça, o ex-deputado Gilvan Freire, o juiz Aluizio Bezerra e o professor de História Flávio lúcio Vieira (da UFPB). Eles apresentaram suas percepções a respeito da 24 etapa da Operação Lava Jato. Espectadores interagiram através das redes sociais.

Todos os especialistas refletiram, também, sobre os olhares da imprensa diante do acontecimento e também sobre a legalidade da operação que teve Lula como alvo. “À luz do Direito houve um excesso. Um equívoco do juiz Sérgio Moro. O artigo 260 do Código Penal só permite condução coercitiva quando houver recusa”, disse o advogado Delosmar Mendonça.

O advogado declarou, todavia, que esse excesso não pode tirar a Lava Jato do seu foco e gerar impunidade. “Lula tem de explicar sobre as doações ao Instituto Lula. Os indícios de crimes são muito fortes. Ele tem dizer se os bens são fruto do trabalho. Temos de prestigiar a Lava Jato, mas respeitando os direitos do cidadão”, concluiu Delosmar.

O juiz Aluizio Bezerra disse que o grande adversário de Lula é o Código Penal. “Foi Lula quem nomeou a diretoria da Petrobras. Ele nomeou uma quadrilha, uma organização criminosa. E não se nomeia quem não é de sua confiança”, disse Aluizio Bezerra, enfatizando que – no lugar dom juiz Sérgio Moro – tomaria a mesma decisão.

Bezerra afirmou que empreiteiras que financiavam a campanha de Lula e Dilma formaram um conluio. Ele deixou claro que a corrupção não é de responsabilidade apenas do PT. “Tem os outros partidos. Mas, o dinheiro do crime chegou a Lula e aos familiares dele. A condução coercitiva já foi executada 117 vezes na Lava Jato. E vai ser usada mais”.

O ex-deputado federal – e também advogado -Gilvan Freire não tem uma visão positiva com relação ao governo petista e, especificamente, do ex-presidente Lula. “Quem salvará o País? Você procura e não acha. Mas muita gente pensa assim: ruim com eles [o PT], mas pior sem eles. A sociedade tem que se organizar contra o PT, que quer vencer a Justiça pela força. Lula é um líder popular, mas não é um estadista”.

Gilvan disse ter votado em Lula diversas vezes, mas lamentou estar decepcionado. “Lula já foi meu ídolo. Não é mais. É um mito em extinção. E neste momento o PT se aproveita de uma decisão dura que fere uma figura pública.  Pesquisa mostra que lula foi o melhor presidente da república. Mas também é o maior ladrão. E eu não quero isso”.

Os argumentos contra Lula e a gestão petista somente forram rebatidos por Flávio Lúcio Vieira, professor de História na UFPB. Ele destacou que a operação Lava Jato é seletiva, pois somente investiga os petistas. Para o professor, a Lava Jato deveria investigar – também – políticos e empresários ligados ao PSDB, que recebeu muito mais dinheiro de financiadores de campanha.

“Não precisava daquele carnaval. Uma operação quase de guerra. Por que levaram ao aeroporto? A imprensa já estava sabendo. Foi uma operação política. Temos um momento de radicalização política. Há uma má vontade explícita da imprensa, que deturpa tudo que lula fala”, disse Flávio Lúcio com relação à condução coercitiva.

Deixando de lado as paixões políticas, disse o professor, pesquisa Vox Populi atesta que uma parte expressiva do eleitorado viu na condução coercitiva um ato de força contra Lula. “A ação colocou Lula em condição favorável e serviu para acender a militância do PT. Em nenhum momento falei que Lula é inocente. Mass, enquanto não houver prova cabal contra Lula, não se pode dizer que ele é culpado”, finalizou Flávio Lúcio Vieira.

 

Jãmarrí Nogueira-MaisPB