João Pessoa, 30 de março de 2016 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
A distância da Avenida Pedro II da Monsenhor Walfredo Leal não é suficiente para me levar ao conforto do silêncio ou a covardia da omissão, nesse instante em que um ex-colega de trabalho e microfone durante cinco anos é o prato frio a ser devorado pela vindita pessoal.
Não entro no mérito da decisão tomada ontem pela Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, que condenou o confrade Fabiano Gomes. Dela, certamente, seus advogados recorrerão às instâncias superiores, até porque, seu presumido resultado, não surpreende.
Fabiano paga pelo preço da ousadia e impetuosidade, própria da sua natureza, de expressar o que muita gente morre de desejo, mas opta por calar, ruminar no secreto das sortidas mesas de finos restaurantes ou dissecar em pomposos gabinetes, por precaução ou dissimulação.
No processo em questão, o radialista é acusado de calúnia e difamação por, no exercício de sua liberdade de expressão, garantida pelas letras frias da Constituição e exigida por um público que quer a tradução dos fatos e não mais o engomado dos textos prontos, ter comentado com acidez e contundência denúncias contra o poderoso Grupo São Braz.
À época, a empresa, notabilizada pela sua produção em alimentos e reconhecida regionalmente, foi alvo de duas acusações. Uma formal: o Conselho de Recursos Fiscais da Secretaria da Receita (Ricardo Coutinho II) apurou suposta dívida de R$ 7 milhões da São Braz, misteriosamente delatada dos arquivos do Tesouro Estadual.
Somado a isso, um ex-motorista da empresa veio a público para dizer que testemunhou operações clandestinas do grupo para evitar o pagamento de impostos ao Fisco Estadual, numa organização que marcava caminhões dirigidos ao transporte de cargas clandestinas, livres do incômodo da arrecadação obrigatória de tributos.
Todos os veículos noticiaram o fato. Vários colunistas, inclusive eu, e blogueiros comentaram a informação com ampla repercussão.
Mas, Fabiano foi mais ousado: deu nome e sobrenome. Saído de Cajazeiras, sem eira e nem beira, sem heranças, nem vida feita e só mais tarde reconhecido pelo talento e intrepidez na comunicação, ele cometeu o crime de arriscar ao preço que se paga na Paraíba quem contraria o andar de cima, intocado, blindado e temido.
Olhares…
“Ela perdeu completamente a capacidade política e de diálogo”. Do deputado Efraim Filho (DEM) sobre a saída do PMDB do governo Dilma.
…Distintos
“Foi um ato de covardia”, classificou o presidente estadual do PT, Charliton Machado, tratando do desembarque do PMDB do Planalto.
Sob…
O que conversaram na fria manhã de ontem o deputado Pedro Cunha Lima e Lucélio Cartaxo, presidente do PSD, da Capital?
…Sigilo
Uma coisa é certa: em conversa sigilosa no Choop Time, os dois só trataram sobre a licença de Pedro e a temporada em Portugal.
Bomba relógio
“O desembarque do PMDB selou o destino de Dilma”. É o que avalia o senador Cássio Cunha Lima (foto), líder do PSDB no Senado, sobre a crucial saída dos peemedebistas da base de apoio governista. “Agora é contagem regressiva”, previu o tucano.
BRASAS
*Estilo – O deputado Ricardo Barbosa (PSB) voltou pacificando, mas não perdeu a ousadia; cutucou a Secom de Luís Tôrres.
*Opção – Deputados governistas sussurram nos bastidores; a missão de Gervásio Maia (PSB) pode ser antecipada.
*Diplomacia – O secretário Marcos Vinicius (PSDB) visita veículos de comunicação antes de deixar, oficialmente, a Comunicação.
*Prerrogativa – Ronaldinho Cunha Lima (PSDB) pode até não ser mais vice de Romero, mas será ouvido e terá poder de veto, em caso de nova escolha.
FALA CANDINHA
Ninguém escapa
Dona Candinha mandou mensagem para comentar o roubo da santinha da Pedro II: “Foi alguém da Lava Jato querendo algum milagre”.
PONTO DE INTERROGAÇÃO
O implicado Eduardo Cunha vai escapar ileso?
PINGO QUENTE
“Passado é passado”. Do deputado Ricardo Barbosa (PSB-foto), sobre seu choque com o governo e o governador Ricardo Coutinho.
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB
OPINIÃO - 22/11/2024