João Pessoa, 14 de abril de 2016 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Ex-porta-voz da presidente Dilma Rousseff e ex-ministro da Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto, o jornalista Thomas Traumann considera que não há mais como o governo reagir para tentar impedir o impeachment da petista. A votação do processo de afastamento da presidente está prevista para ocorrer no próximo domingo, 17, na Câmara dos Deputados.
Na análise do ex-ministro, o governo teve o controle da situação até o posicionamento do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que recomendou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a anulação da nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Casa Civil.
Em parecer, divulgado na última quinta-feira, 7, o procurador disse ver elementos de “desvio de finalidade” da presidente na escolha do petista para assumir o ministério. Dilma, segundo o procurador, teria intenção de tumultuar as investigações da Operação Lava Jato.
“Acho que acabou. Não consigo ver mais nenhum tipo de reação que o governo possa ter. A partir da decisão do Janot, teve uma virada. A decisão do Janot mostrou uma fragilidade muito grande do governo. Uma coisa era, para as pessoas que estavam negociando, ter o Lula como chefe da Casa Civil, com a caneta na mão. A outra é não ter”, afirmou Traumann ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.
“O governo demorou para reagir, até agora não reagiu. Há um dominó que vem da sexta-feira para cá. Não teve reação nenhuma do governo em relação a isso, o que é uma questão básica. Os acordos que estão sendo feitos vão ser cumpridos?”, ponderou.
O ex-porta-voz de Dilma tem atuado atualmente na iniciativa privada e como consultor também tem procurado integrantes da cúpula do PMDB, partido do vice-presidente Michel Temer, que tem atuado abertamente pelo afastamento da presidente Dilma Rousseff.
Traumann esteve reunido nessa terça-feira, 12, em Brasília com o presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Moreira Franco, braço direito do vice. O jornalista nega que tenha sido feito qualquer convite para a participação de um possível “governo Temer”.
“Estou na iniciativa privada. Estou como consultor e tenho que entender a política como ela está, ter um termômetro. Ontem foi um dia muito importante, um dia decisivo. Faço cenários para mostrar para onde estão indo as coisas e por isso tenho que conversar com as pessoas”, ressaltou.
O ex-ministro deixou o Palácio do Planalto em março de 2015, uma semana após oEstado revelar o conteúdo de um documento reservado que previa “caos político” e criticava a “comunicação errática” do governo Dilma.
Estadão
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