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Dilma reúne aliados; PT diz ‘quase’ ter votos para escapar

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publicado em 14/04/2016 ás 16h38
atualizado em 14/04/2016 ás 16h39

A três dias da votação final do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara, o líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA), reconheceu que o governo tem “quase” os votos necessários para barrar o afastamento de Dilma. Florence, que concedeu entrevista após um café da manhã de vinte minutos com outros aliados no Palácio do Alvorada, foi o primeiro porta-voz do governo a admitir publicamente que o governo ainda não tem o mínimo de 172 votos.

Nesta quarta-feira, auxiliares da presidente já reconheciam reservadamente poder contar seguramente com cerca de 12 votos a menos do que o necessário para derrubar o impedimento da presidente no plenário da Câmara.

— Hoje, eles (os pró-impeachment) não têm 342 votos. O governo tem quase os 172. Mas ausências e abstenções caracterizarão na prática os “não 342” — afirmou Afonso Florence, líder do PT na Câmara.

José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara, comparou o clima atual, às vésperas da votação na Câmara, ao segundo turno das eleições de 2014, nas quais Dilma derrotou Aécio Neves por menos de dois pontos percentuais e ambos estavam tecnicamente empatados no dia do pleito.

— Para nós, é o segundo turno de 2014. É a mesma tensão, o mesmo enfrentamento. É aquele segundo turno ali: corrida de cavalo parelha — declarou Guimarães.

A presidente recebeu ministros e deputados em um rápido café da manhã no Palácio da Alvorada, que durou cerca de vinte minutos. Estavam os ministros Jaques Wagner (Gabinete Pessoal), Celso Pansera (Ciência e Tecnologia), Mauro Lopes (Aviação Civil), Marcelo Castro (Saúde), Antônio Carlos Rodrigues (Transportes) e Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo).

Compareceram os deputados: Afonso Florence, Silvio Costa (PT do B-PE), José Guimarães, Henrique Fontana (PT-RS), Jandira Feghali (PC do B-RJ), Daniel Almeida (PC do B-BA) e José Rocha (PR-BA)

Após a publicação da fala do líder do PT, o Palácio do Planalto entrou em contato para afirmar que tem o número suficiente de votos para barrar o impeachment na Câmara. A assessoria destacou a fala de Guimarães de que seriam “mais de 200” apoios.

ÂNIMO NA MILITÂNCIA

A presidente Dilma Rousseff planeja ir ao acampamento dos movimentos contra o impeachment, em Brasília, neste sábado, para reforçar a mobilização da militância, às vésperas da votação do processo de impedimento na Câmara, prevista para o domingo. Uma equipe do Palácio do Planalto discute, com a organização do acampamento, os detalhes da ida da presidente Dilma Rousseff ao local, que deve ocorrer na parte da manhã.

Os acampados – do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da União Nacional dos Estudantes (UNE), do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), entre outros grupos – já somam cerca de 3 mil pessoas, segundo Antônio Pereira, da coordenação nacional do MST. Ele diz esperar 50 mil pessoas no sábado, acampadas, para receber Dilma.

– A vinda da presidenta Dilma é importante até para fortalecer mais esse diálogo com os movimentos do campo. Ela trará para nós um sinal importante de luta – afirma Antônio.

Parlamentares e ministros do PT estiveram nesta quinta-feira no acampamento. Em um discurso duro, o ministro do Trabalho, Miguel Rossetto, afirmou que o vice-presidente, Michel Temer, quer tomar o poder por meio de um golpe.

– Não tem essa de atalhar via golpe, rasgando a Constituição e a democracia – afirmou Rossetto, a uma pequena plateia no acampamento, que aplaudia o discurso.

Rossetto disse estar “seguro” de que o impeachment será barrado na Câmara. Caso contrário, disse ele, o governo lutará em outras “trincheiras democráticas”, mencionando o Senado e o Supremo Tribunal Federal.

Esteve também no acampamento Patrus Ananias, exonerado do cargo de ministro do Desenvolvimento Agrário para assumir a função de deputado federal e votar contra o impeachment na Câmara. Ele disse que foi levar uma palavra de ânimo à militância antes mesmo de se dirigir à Câmara.

– As forças conservadoras, que sempre foram contrárias ao Bolsa Família, ao BPC (Benefício de Prestação Continuada, ao cumprimento da função social da terra, querem tomar o poder. É importante determos o golpe para preservar o Estado Democrático de Direito e preservar as conquistas sociais – ressaltou Patrus.

Globo