João Pessoa, 17 de abril de 2016 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Vamos imaginar que a abertura do processo de impeachment seja aprovada pela Câmara e, daqui a mais ou menos um mês, pelo Senado. Dilma seria afastada temporariamente e Michel Temer, também temporariamente, assumiria a Presidência da República.
Qual cenário é possível vislumbrar pela frente?
Primeiro, o aprofundamento da crise política, agora convertida em grave crise institucional, porque PT e aliados agiriam como se não reconhecessem o governo “provisório” fruto de um golpe parlamentar, apoiado pela mídia e sob as bênçãos do STF.
A ideia de golpe ficaria evidenciado na montagem do governo “provisório” com a participação dos derrotados de 2014 assumindo postos de mando da nova república demo-tucana-peemedebista: a Fazenda, o Planejamento e o Banco Central.
Para cumprir os compromissos, os cortes nos gastos públicos se ampliariam ao limite extremo para assegura, como consta no “programa” Ponte para o Futuro lançado por Temer: “aumento acentuado do superávit primário”, que é a economia que o governo faz para pagar os juros da dívida pública a banqueiros e rentistas.
Isso significará inevitavelmente cortes onde Dilma não se dispôs a cortar, apesar de pressionada para tal: o Bolsa Família seria reduzido pela metade, as metas do “Minha Casa, Minha Vida” seriam revistas e, entre outras obras, a transposição do São Francisco seria paralisada, tudo para assegurar a “tranquilidade” dos mercados.
A inflação tenderá a ceder em razão do velho “remédio amargo” (sempre para os mais pobres), mas o desemprego tenderá a se alargar e aumentará o fosso da crise social.
Para atender a FIESP, Temer tentará flexibilizar a CLT, especialmente para tirar a justiça do trabalho da regulação dos conflitos trabalhistas.
Para atender às grandes petroleiras e ao governo americano, o Brasil se retirará dos BRICS e priorizará uma política comercial com os Estados Unidos e seus aliados no continente. O fim do Regime de Partilha e o fim do controle da Petrobras sobre o Pré-Sal serão aprovados.
Muito se falou ao longo de 2015 que havia se formado uma “tempestade perfeita” que levaria à inevitável queda de Dilma Rousseff: crise econômica associada à crise política.
Imagine como seriam qualificados os meses que se seguiriam ao afastamento de Dilma Rousseff.
João Pedro Stédile, do MST, por exemplo, já adiantou que defenderá a realização de greve geral no país. Caso haja condições para isso, a CUT deve abraçar a ideia.
Greves se espalharão pelo país. Os Sem-Terra ampliarão suas ocupações e paralisarão as principais rodovias do país. Os estudantes irão às ruas.
Do outro lado, as “massas” cheirosas que foram às ruas contra o PT certamente não darão às caras em apoio ao governo “provisório”. Terão cumprido seu “dever patriótico” de afastar o PT do governo. Continuarão a propagar, entretanto, o ódio nas redes sociais e a defender a repressão contra os movimentos da esquerda. E isso vai acontecer.
A grande mídia, constrangida, no primeiro momento, pedirá a cabeça de Eduardo Cunha para tentar limpar sua própria barra como apoiadora do impeachment.
Estimulará o confronto para acentuar a “baderna” como método da agora oposição petista.
Enfim, no que pode resultar o afastamento de Dilma ninguém sabe, mas certamente não resultará em estabilidade econômica, muito menos política.
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB
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