João Pessoa, 04 de maio de 2016 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
As “bulas”, ou documentos oficiais, com as quais os papas anunciavam o número de jubileus ordinários, desde a primeira vez, em 1300, até a última, em 2000, sairão nesta quarta-feira (4) dos arquivos do Vaticano para ficarem expostas por alguns meses em Roma.
O nome deste documento emitido pelo papa provém do latim “bulla”, que designa o selo de chumbo que as autentifica.
Desde a que anunciou o primeiro Jubileu, em 1300, iniciado por Bonifácio VIII, até a que foi assinada por João Paulo II em 2000, todos estes preciosos manuscritos, alguns ainda decorados com selos pontificiais, estão zelosamente conservados nos arquivos secretos do Vaticano.
São acessíveis apenas através de um pedido devidamente apresentado e unicamente por razões de pesquisa histórica, explica o “prefeito” dos arquivos, monsenhor Sergio Pagano.
O Vaticano aceitou que fossem levados para uma exposição em um palácio do século XV de sua propriedade, perto do Panteão, no centro histórico da Cidade Eterna.
O papa Bonifácio VIII (1294-1303) decretou, seguindo o modelo dos Jubileus hebraicos, o primeiro “Ano Santo” em 1300, concedendo a seus sucessores a missão de celebrar um novo a cada 100 anos.
Este primeiro Jubileu obteve grande sucesso: o Papa prometeu indulgência plena a peregrinos que fossem a Roma.
Para dar aos Jubileus mais regularidade, os papas seguintes decidiram organizar dois por cada século, depois três e, por fim, quatro, que é o ritmo atual dos Jubileus chamado “ordinários”, que acontecem a cada 25 anos.
A estes foram acrescidos alguns Jubileus “extraordinários”, como o que foi decretado pelo papa Francisco para este ano.
Esta tradição fica manifestada através dos documentos expostos em Roma até 31 de julho.
“Doze desses documentos são bulas, seis são gravuras antigas, incluindo um precioso incunábulo, e os demais são cópias de manuscritos”, explica monsenhor Libero Andreatta, vice-presidente do Escritório do Vaticano para as Peregrinações.
O maior interesse pelas bulas reside nas primeiras linhas dos textos, que “descrevem a situação política e espiritual do mundo católico na época de sua redação”, acrescenta.
Naqueles séculos mais remotos, os problemas não eram muito diferentes dos de hoje em dia: segurança, epidemias, transportes etc.
As bulas também servem para julgar o estado da fé dos fiéis, afirma monsenhor Pagano, que trabalha nos arquivos secretos há 37 anos e que estudou as bulas em profundidade.
Durante muito tempo, “esta fé era uma muralha em tempos difíceis, marcados pelas guerras, pela fome e a peste”, explica.
“Hoje, se coloca menos à prova, se pede ao fiel que faça umas orações e basta”, lamenta.
G1
OPINIÃO - 22/11/2024