João Pessoa, 18 de maio de 2016 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Para se transformar na transexual Marcela Porto, Bruno Souza, 33 anos, não economizou para virar mulher. Há três anos ele, que hoje é conhecido no mundo do funk como Mulher Abacaxi, colocou 280 ml de silicone nos seios, 250 ml de metacril para levantar o bumbum; fez lipoescultura no abdômen e nas costas; afinou o nariz três vezes; puxou os olhos; fez cirurgia nas pálpebras e mexeu no queixo. Ao todo ela gastou mais de R$ 60 mil em plásticas.
Durante muito tempo o dinheiro para Bruno virar Marcela era obtido com a sua empresa que administra uma frota de sete caminhões em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A transformação definitiva só aconteceu há três anos. Antes, Bruno só se vestia como Mulher Abacaxi para se apresentar nos shows que fazia. “Resolvi me assumir como mulher depois de uma viagem que fiz pela Europa, onde me apresentei em alguns países de lá. Antes dizia para a minha família que só virava mulher para fazer os shows. Quando desembarquei no Rio vinda da Europa, toda montada, eles tiveram um choque, mas hoje me aceitam”, conta ela.
A decisão de virar definitivamente mulher só fez bem ao ego de Marcela, garante. Antes de se assumir transexual, ela conta que se sentia com uma “lésbica masculinizada”. “Para trabalhar com os caminhoneiros, usava uma tala para esconder os seios e era até paquerada por lésbicas. Me sentia um sapatão. Agora não, sou mulher 24 horas”.
Recentemente ela também se intitulava a primeira ring girl trans. Marcela ia para o ringue de roupinha sexy e roubava as atenções. Mas o trabalho não lhe dava dinheiro. “Participei de cinco lutas e desisti”, conta.
Nada de preconceito
Marcela garante que não sofre preconceito por parte dos caminhoneiros. Isso porque, segundo ela, sabe se posicionar diante deles. “Moro de segunda à quinta-feira na minha empresa em Duque de Caxias. Depois sigo para a minha casa em Niterói. No trabalho não me monto nem jogo charme, né. Trabalho de tênis e calça jeans. Todos me respeitam.”
Apesar de toda transformação física a qual se submeteu, ela garante que não pensa em trocar de sexo. Marcela tem medo de perder o prazer, avisa. “Dizem que a gente deixa de ter orgasmo quando opera. Eu sou muito bem resolvida. Não quero operar.”
A sua preferência sexual é eclética. Como transexual já namorou mulheres e agora se relaciona com um venezuelano que, como ela, também é dono de uma frota de caminhões. “Gosto de pessoas, não ligo para o sexo delas.”
Quanto ao futuro profissional, vai muito bem obrigada. Agora Bruno quase não banca mais Marcela graças ao trabalho em ascenção da Mulher Abacaxi que em breve irá gravar um clipe com o produtor KondZilla. Para isso, dessa vez o lado empresário dará só um empurrãozinho. “Vou vender um dos meus caminhões para bancar o novo clipe. É bem caro!”.
G1
TURISMO - 19/12/2024