João Pessoa, 18 de maio de 2016 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Um dos principais integrantes da “tropa de choque” do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o deputado André Moura (PSC-SE) anunciou nesta quarta-feira (18) que ocupará o posto de líder do governo Michel Temer na Câmara dos Deputados.
O parlamentar de Sergipe foi alçado à liderança do governo com o apoio de 13 partidos, entre os quais PMDB, PSD, PP e PR. Antes mesmo de anunciar que assumiria o posto, Moura se apresentou como líder do governo durante reunião dos líderes partidários com o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA).
Logo após a reunião, o novo líder do governo confirmou, em entrevista coletiva, que aceitou o convite de Temer em uma reunião realizada na noite desta terça (17). O líder atua como um porta-voz do Executivo na Câmara e tem a tarefa de negociar com os demais partidos a aprovação de matérias de interesse do Palácio do Planalto.
“Tivemos uma reunião ontem com o presidente [em exercício] Michel Temer e aceitamos o convite para assumir a importante missão de liderar o governo aqui na Câmara”, disse Moura em entrevista coletiva nesta quarta.
Nesta terça, os líderes dessas 13 legendas se reuniram com o presidente da República em exercício para apresentar o nome de André Moura como sugestão para ocupar a liderança do governo na Câmara.
Como forma de pressionar Temer, os líderes argumentaram que o grupo soma cerca de 280 deputados, número que já dá maioria dos parlamentares na Câmara. O encontro, o primeiro de Temer com os líderes dos partidos, ocorreu no Palácio do Planalto.
Além de Temer, também participou da reunião com o grupo de deputados o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima.
O apoio ao nome de André Moura foi unânime no grupo apelidado de “Centrão” e que é formado por PMDB, PP, PR, PSD, PTB,PROS, PSC, SD, PRB, PEN, PTN, PHS ePSL.
Outro nome que era cotado para a liderança do governo era o do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que tem o apoio de outros partidos que compõem o governo Temer, como PSDB, DEM e PPS. Questionado sobre se não via nenhum mal estar em não ter o apoio deles, Moura disse não ter visto “nenhum tipo de retaliação”.
Moura defendeu que a Câmara vote logo as medidas provisórias que trancam a pauta de votações no plenário para abrir espaço para a análise de propostas do governo Temer. Sobre a eventual retomada da CPMF, porém, desconversou: “Vamos aguardar a orientação do governo”.
Cunha
A indicação do deputado do PSC para a liderança do governo na Câmara sinaliza que, mesmo afastado da presidência da Casa por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), Eduardo Cunha manterá forte influência no Legislativo durante o governo Temer.
Ele está com o mandato de deputado federal suspenso por tempo indeterminado por suspeita de tentar atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato e do Conselho de Ética da Câmara.
Embora não seja integrante do Conselho de Ética, André Moura é um dos maiores articuladores para tentar barrar o processo por quebra de decoro parlamentar enfrentado pelo presidente afastado da Câmara.
Moura foi o autor de uma questão de ordem que chegou a anular uma decisão do colegiado. A anulação, posteriormente, foi cancelada pelo próprio Cunha, após a medida ter uma repercussão negativa e deputados se retirarem do plenário da Câmara, em protesto.
Apesar de ser aliado de Cunha, Moura negou haverá qualquer tipo de influência do peemedebista na sua posição como líder e atribuiu a sua indicação para o cargo ao apoio obtido entre os demais partidos.
“Estou aqui nessa Casa há seis anos e, durante esse período, construí um relacionamento com os parlamentares e, mais, precisamente, o trabalho que fizemos durante o processo de impeachment com outras lideranças, que foi fundamental para obter os 367 votos [para a abertura do processo na Câmara], isso permitiu que a gente pudesse ter o apoiamento de 13 partidos”, afirmou.
Moura admitiu que esteve com Cunha na última semana, mas que não havia conversado com ele após a sua indicação para líder do governo.
G1
OPINIÃO - 22/11/2024