João Pessoa, 24 de maio de 2016 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Se tivesse dado ouvido a razão e a essência do que levou Dilma a sucumbir, o presidente em exercício Michel Temer teria evitado o primeiro grande e grave constrangimento, pra dizer o mínimo, no seu recém-empossado governo. Estava claro que não daria certo o abrigo em ministérios de gente investigada justamente na operação cujos efeitos foram muito mais determinantes para derrubar o PT do que o crime de responsabilidade da presidente afastada.
A queda de Romero Jucá, amortecida pela pomposa retórica da ‘licença’, é o mínimo que poderia esperar. O Brasil que foi às ruas já deu sinais claros de que não aceita conviver com a corrupção, nem muito menos tolera o uso e abuso do poder para livrar a cara de quem for achado em culpa.
E as gravações que flagraram Jucá não deixam margem para a mínima dúvida. O senador expressou nitidamente um desejo da unanimidade dos investigados; a retirada do juiz federal Sérgio Moro de cena e o fim da sangria que a Lava Jato provoca cada vez que espreme os pruridos do Petrolão.
Nada que surpreenda. Nesse esquema, PT e PMDB são siameses. Comeram do mesmo prato na dilapidação da maior estatal do País para financiar um longevo projeto político, numa organização que tirava em licitações propinas com uma mão e com a outra travestia o assalto de doações legais para enriquecer as recheadas campanhas.
De tão vergonhoso, o flagrante de Romero Jucá deu fôlego de cinismo aos aliados de Dilma. Viram na malandragem criminosa do senador uma forma de atenuar os crimes praticados e de reduzir o impeachment a um golpe.
Fingem esquecer que o que o cacique peemedebista disse longe dos holofotes ao ex-presidente da Transpetro foi exatamente o que Delcídio Amaral articulou, Dilma flertou e Lula pedia a ministros e autoridades da República, em gravações interceptadas pela Polícia Federal e autorizadas pela Justiça: um freio na Lava Jato.
Ganhando…
Com negativas aqui e acolá, o fato é que nos bastidores a tese de unificação suprapartidária pró-Luciano Cartaxo começa a encorpar.
…Corpo
Três fatos colaboram: a dianteira do prefeito nas pesquisas, os reflexos para 2018 e gente graúda trabalhando nessa direção.
Separando as coisas
Na entrevista que me concedeu, ontem à noite, a candidata à prefeita do PSB, Cida Ramos, voltou a afastar antigas impressões de que a estratégia do governador Ricardo Coutinho é acumular pessoalmente o comando do Estado e da Prefeitura de João Pessoa. “Só pensa isso quem não me conhece”, asseverou a secretária, ungida pelo líder girassol para enfrentar à reeleição de Cartaxo.
BRASAS
*Conselheiro – Vice-prefeito de João Pessoa, Nonato Bandeira (PPS) já tem linha direta com Cida, de quem tem recebido pedido de orientações.
*Ausculta – Conselho Político do PSB a ser instalado hoje terá caráter consultivo e não deliberativo para escolha do vice.
*Só com reza – A violência em Campina Grande chegou a tal ponto que levou o vereador João Dantas a pedir patrulha na saída das igrejas.
*Salvo – O vereador Galego do Leite (PTN), de Campina, escapou no TRE. Com uma ação de infidelidade, o PMN, seu ex-partido, queria chorar o leite derramado.
*Arando o terreno – Depois de celebrar pacificação em Catolé, o deputado Gervásio Filho avança com o PSB no Interior.
FALA CANDINHA!
Descarga
De dona Candinha sobre a derrapada de Romero Jucá: “Depois dessa melada, ele tinha mesmo que pedir licença para…”.
PONTO DE INTERROGAÇÃO
Se o blocão pró-Cartaxo vingar, tem segundo turno em João Pessoa?
PINGO QUENTE
“Eu nunca tive postura de isolamento”. Do prefeito Luciano Cartaxo (PSD), sobre a tese de unificação suprapartidária pela sua reeleição.
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB
OPINIÃO - 22/11/2024