João Pessoa, 07 de julho de 2016 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Sequências raramente são tão boas quanto os filmes originais. Não é fácil manter a qualidade da primeira história, concentrada em apresentar personagens interessantes com um enredo coeso que seja, em si, profundo e digno de atenção. Uma continuação bem feita é aquela que amplia o mundo apresentado e evolui ainda mais as relações que nele vivem. É este o desafio que “A Era do gelo: O Big Bang”, quinta animação protagonizado por um mamute, uma preguiça e um tigre-dentes-de-sabre, tenta superar ao estrear nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (7) — e não consegue.
Não que o filme não consiga divertir as crianças, seu público primário. As aventuras de Scrat, o esquilo pré-histórico que já se tornou o mascote oficial da série, são mais que suficientes para distrair os mais jovens em busca de diversão durante as férias. No entanto, se compararmos com o primeiro, lançado em 2002, o longa mais parece episódios de algum desenho infantil anexados para atingir 94 minutos.
Desta vez, a trupe liderada por Manny (voz de Diogo Vilela na versão em português) deve impedir que um cometa gigante acabe mais uma vez com a vida na Terra. Tudo isso enquanto evitam os ataques de uma família de dinossauros voadores, procuram um novo amor para Sid (Tadeu Melo, no Brasil) e durante as confusões armadas por Scrat a bordo de um disco voador no espaço.
O trailer (assista ao vídeo acima) já destaca o maior problema da produção ao elencar seis personagens que retornam pra o time principal da história — e ainda deixa de fora dois mamutes, uma tigresa, a vovó preguiça e dois gambás, todos com importância razoavelmente igual ao longo do enredo. Ainda ignoro os três novos vilões jurássicos.
Se a força da animação que deu origem à série residia no relacionamento do trio de protagonistas e a evolução dos personagens, o elenco inchado deste quinto episódio impede que qualquer contato domine mais que alguns minutos de cena. Nada que vá atrapalhar muito na diversão dos mais jovens, mas que definitivamente garante que este torne apenas um capítulo descartável e nem um pouco memorável.
Um fim digno
Ninguém aqui está dizendo que é proibido fazer continuações, mas é importante que seus propósitos sejam claros e adicionem algo ao material original.
Em junho, a Pixar bateu recordes com o lançamento de “Procurando Dory”, sequência que conseguiu a maior bilheteria de estreia de uma animação na história nos Estados Unidos, 13 anos após “Procurando Nemo”.
15 anos separaram o primeiro “Toy Story” (1995) de seu terceiro episódio. E, enquanto a Fox lança o quinto “A Era do gelo” em 14 anos, o estúdio comprado pela Disney em 2006 promete se dedicar exclusivamente a originais por alguns anos depois de 2019.
Alguns talvez consigam, mas para mim é difícil evitar a ligação entre a mentalidade de toque de caixa e a falta de qualidade na maioria dos casos. E isso é uma pena. Manny, Sid e Diego mereciam destino mais digno.
G1
OPINIÃO - 22/11/2024