João Pessoa, 03 de agosto de 2016 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Militantes históricos do PCdoB decidiram romper com o partido e apoiar a candidatura a prefeito do petista Charliton Machado.
Em breve se tornará pública a primeira reação consistente de setores há muito incomodados com a trajetória de oportunismo político que o PCdoB, um partido quase centenário, tem assumido nas últimas eleições na Paraíba.
Em 2010, o partido, que apoiou Ricardo Coutinho e participava de sua gestão na Prefeitura de João Pessoa desde 2005, pulou do barco socialista para assumir uma secretaria no governo de José Maranhão e apoiar o projeto de reeleição do então governador, que assumira o cargo depois da cassação de Cássio Cunha Lima, em fevereiro de 2009.
Dois anos depois, a direção do PCdoB voltou aos braços de RC, já governador, e participou da coligação que apoiou a candidatura de Estela Bezerra, que teve como vice nada mais nada menos que Efraim Filho, do Dem, e também foi apoiada pelo PSD de Rômulo Gouveia.
Não demorou muito, a direção do PCdoB paraibano declarou apoio ao então petista Luciano Cartaxo, isso antes do segundo turno de 2012. E manteve o apoio tanto à gestão do petista e como à socialista, mesmo que Luciano e Ricardo vivenciassem uma disputa feroz em João Pessoa.
Isso até às vésperas da eleição de 2014, quando o melhor dos mundos se estabeleceu para a direção do PCdoB, mas nem tanto se considerarmos que situações como essas enfraquecem a posição de quem negocia apoio: se a aliança Ricardo Coutinho e Luciano Cartaxo permitiu que a direção partidária permanecesse com os dois e impediu com isso qualquer disputa interna, acabou também por reduzir o poder de barganha do partido.
Então, chegamos a 2016, com o racha entre Cartaxo e RC, mas com o PCdoB na mesma posição de sempre e com um pé nas duas canoas.
Mas, dessa vez com uma mudança de atitude da parte de Ricardo Coutinho: o governador se recusou a entrar no jogo de barganha do PCdoB e, por conta disso, o partido decidiu de maneira tão antecipada o apoio à reeleição de Luciano Cartaxo.
E agiu dessa vez como um verdadeiro partido de aluguel. O PCdoB não apenas declarou apoio ao PSD, como abriu as portas para o vereador Helton Renê, então no PP de Paulo Maluf e Aguinaldo Ribeiro, disputar a reeleição pela legenda “comunista”.
Agora, o anúncio da aliança de Cartaxo com o PSDB de Cássio Cunha Lima e o PMDB de Manoel Jr. e José Maranhão parece não ter causado nenhum constrangimento político na direção do PCdoB, o partido que nacionalmente lidera a luta contra o impeachment e foi, ao lado do PT, o aliado mais fiel de Lula e Dilma Rousseff.
Por isso, considero que a saída de dirigentes históricos do PCdoB, ao lado de militantes de base, representa a primeira reação, como eu disse, a esse descalabro que virou as alianças partidárias na política paraibana, que só obedecem a interesses de seus dirigentes, e desrespeita a identidade programática, os objetivos estratégicos nacionais do partido numa conjuntura difícil para a esquerda e a inteligência dos eleitores, cada vez mais de saco cheio com essas demonstrações que enfeiam a política a cada dia.
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