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‘Não me arrependo’, diz suspeito de matar empresário

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publicado em 17/08/2016 ás 08h50
atualizado em 17/08/2016 ás 08h52

“É o tipo da coisa, quando você faz uma coisa não adianta você ficar choramingando ou ficar arrependido. Para quê? Você não já fez? Então segura a onda. Eu não me arrependo”. Foi desta forma que Leonardo de Melo Barros, de 26 anos, respondeu sobre seu envolvimento na morte do empresário Alexandre Alter Wainberg durante o interrogatório da Polícia Civil. Wainberg, de 54 anos, foi assassinado a facadas em julho do ano passado em Tibau do Sul. O suspeito foi preso na manhã desta segunda-feira (15), em Fortaleza.

Durante a confissão, gravada pela assessoria de comunicação da Polícia Civil, Leonardo diz que matou o empresário após ser maltratado durante a realização de um serviço na fazenda de camarões e ostras em que trabalhava. Segundo Leonardo, Alexandre costumava humilhar os funcionários.

“O que aconteceu foi que desde que eu o conheci, ele era um cara que nunca respeitou ninguém. Ele se achava o dono do mundo, era o que ele falasse e pronto. Desde que eu comecei a trabalhar com ele que eu vi ele humilhar do mais novo ao mais velho. Gente com a idade dele que ele humilhava. E pelo fato da galera ser pai de família, com filhos pequenos, ficavam ali sujeitos aquelas humilhações. No meu caso, como sou novo, não tinha filho pequeno para criar, aconteceu o que aconteceu. Ele chegou para me gritar, o sangue ferveu na hora e eu acabei fazendo”, disse.

Segundo Leonardo, o crime aconteceu por volta das 8h. Cerca de 20 minutos antes o empresário teria sido ‘ignorante’ com ele. O suspeito negou ter discutido com o empresário.

“Não foi uma discussão. Foi um trabalho que a gente estava fazendo, e acabou, como sempre, com ele ignorante. A gente não chegou a discutir. Isso foi no galpão. No viveiro, quando estávamos para despejar as larvas, eu fique naquilo ‘faço ou não faço’ e acabei fazendo. A gente não chegou a discutir”, detalhou.

Alexandre Wainberg morreu enquanto era socorrido por outros funcionários, que impediram o suspeito de continuar com as agressões. Leonardo ainda conseguiu atingir o suspeito com duas facadas. O homem fugiu enquanto o empresário era socorrido.

“Saí em disparada com a minha moto. Não tinha um canto específico para onde ir. Qualquer canto que eu não conhecesse ninguém e que ninguém me conhecesse estava bom para mim. Por que Fortaleza? Porque era o canto mais próximo. Como eu gostava muito da minha família, eu não queria ficar longe”, diz no depoimento.

Apesar de escolher o destino para não ficar longe da família, Leonardo diz só ter se comunicado por meio de telefone. Na capital cearense, ele diz ter vivido da venda de CDs e de trabalhos temporários. O homem mudou a aparência, mas disse não se surpreender com a chegada da polícia e que espera que a ‘Justiça seja feita’. “Quem faz uma coisa, um dia paga. De um jeito ou de outro”, disse.

“Se eu falar que eu estou arrependido eu vou estar mentindo para você e para mim mesmo. Não estou arrependido. Não é uma coisa que me orgulho e que vou me orgulhar, mas aconteceu. Não adianta você fazer uma coisa para se arrepender depois. Não me arrependo”, diz o suspeito.

Crime banal
Leonardo trabalhava há mais de quatro anos na fazenda do empresário e era tido como um funcionário de confiança. À época do crime, o delegado André Gurgel, da Polícia Civil do RN, afirmou que o empresário foi morto por um motivo banal. “O Alexandre teria falado alto com o Leonardo, reclamado de um serviço que o funcionário não estava fazendo direito. Com raiva, ele matou o patrão”, relatou.

Ainda de acordo com Gurgel, também houve premeditação no crime. “Depois de o Alexandre repreender o Leonardo, os dois foram de caminhonete até um dos viveiros de camarão. Ou seja, o Leonardo teve tempo suficiente para pensar e esfriar a cabeça. Mas, pelo visto, ele premeditou o crime. Quando desceram do veículo, o Leonardo o esfaqueou e fugiu para o mato. A faca, do tipo peixeira, não foi encontrada”, acrescentou.

Alexandre Wainberg tinha 54 anos (Foto: Arquivo Pessoal)
Alexandre Wainberg tinha 54 anos
(Foto: Arquivo Pessoal)

Pioneirismo
Alexandre Wainberg nasceu no Rio de Janeiro. Graduado em Biologia Marinha pela Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1986, concluiu mestrado em Bioecologia Aquática pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte em 1998. Dono da Primar, fazenda localizada no Sítio São Felix, em Tibau do Sul, ele se tornou referência no país ao ser pioneiro no cultivo de camarões e ostras orgânicas. O método consiste na reprodução de um ambiente semelhante ao habitat natural das espécies, sem a aplicação de produtos químicos, pesticidas, transgênicos, antibióticos e hormônios. Este tipo de criação reduz o stress do animal, proporciona um crescimento de forma saudável, aumenta a sobrevivência e minimiza a ocorrência de doenças.

G1