João Pessoa, 19 de agosto de 2016 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Ainda morava em Marizópolis, quando, vi, pela primeira vez, numa TV chiando, a personagem espalhafatosa, cheia de maquiagem e riso, roubando a cena em cada aparição. Não demorei a vê-la novamente em entradas diárias em rede nacional, na Band, um dos meus programas de fim de tarde, deitado numa rede.
Biuzinha marcou época na TV. Fora dela, resistiu ao tempo com sua destacada e frenética participação no Pastoril Profano, peça fruto da persistência de artistas do desprestigiado teatro paraibano.
Não conheci Adeilton Pereira, o homem que incorporava Biuzinha, mas presumo que na vida real se ressentia, ainda que no íntimo, do desproporcional reconhecimento ao seu talento na sua terra de atuação.
Paradoxalmente, a morte do humorista ressuscitou o tamanho de sua importância para as artes paraibanas, para o público e para a história do humor aqui no Estado. Sobram agora as homenagens e apoios que talvez faltaram em vida.
Nos dias de sua última agonia, vítima de AVC e parada respiratória, de repente a mídia deu toda a carga na cobertura, antes pontual e resumida às temporadas dos espetáculos. Poucos espaços jornalísticos, e aí incluo a minha mea-culpa, buscam quem está por trás das personagens, suas conquistas, angústias, altos e baixos.
Sem nenhum fatalismo, o caso Biuzinha nos impõe reflexão sobre nossas pautas de imprensa e o ‘interesse’ do mercado das artes tem por talentos que, para sensibilizar, comover, triunfar e ganhar vida, precisam morrer.
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