João Pessoa, 10 de setembro de 2016 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Caravela, uma vaca mineira, permitiu que Túlio Madureira, 30, um produtor de queijo artesanal que não podia tomar leite, recuperasse um pouco do gosto pela vida. A vaca produz um leite diferente, que não faz tão mal para o sistema gastrointestinal. Pensando em quem tem problemas como o de Madureria, uma pesquisa tenta criar mais Caravelas pelo país.
Madureira não está sozinho. Os problemas relacionados ao consumo de leite são comuns. Cerca de 2/3 da população mundial, segundo dados da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição, possui deficiência da enzima lactase. É ela a responsável pela quebra da proteína lactose, presente em laticínios.
Sem a lactase, um copo de leite se torna um problemão. Esse açúcar se acumula no intestino, o que significa casa, comida e roupa lavada para bactérias, que se multiplicam, causando problemas como gases e diarreia. No Brasil, cerca de 25% das pessoas tem algum grau de deficit ligado à enzima.
Entre refluxos e indisposições intestinais, um médico encontrou três úlceras no esôfago de Madureira, quinta geração de uma família de produtores de queijo. O leite era o provável culpado. Por quatro anos, o consumo de laticínios parou. Até Caravela.
A vaca era da raça gir leiteiro, que, segundo Aníbal Vercesi, pesquisador do Instituto de Zootecnia de São Paulo, pode produzir leite sem ou com pouca proteína betacaseína tipo A1 (veja infográfico). Isso tornaria o líquido mais saudável, ou seja, com menos chances de causar problemas alimentares.
PESQUISA
Partindo do princípio que o leite com betacaseína tipo A2 é menos alergênico, um estudo do Instituto de Zootecnia de São Paulo começou, a partir de inseminação de vacas da raça gir leiteiro, a criar animais que só produzem leite com esse tipo de proteína.
“Já está comprovado na área médica, que essa proteína causa um certo grau de inflamação na mucosa intestinal”, afirma Vercesi.
Uol
OPINIÃO - 22/11/2024