João Pessoa, 28 de setembro de 2016 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
O patrimônio declarado pelo candidato a vereador de São Gonçalo Aristeo Eduardo Teixeira da Silveira (PMDB), o Eduardo Gordo, cresceu 242% em quatro anos. Em 2008, quando disputou uma vaga na Câmara pela segunda vez, declarou ter R$ 795.213,35. Nas eleições municipais seguintes, o valor subiu para R$ 2.721.324,06.
Na manhã desta terça-feira, o EXTRA circulou em São Gonçalo sem o caderno da cidade, depois que um grupo de 30 homens esteve, durante a madrugada, na central de distribuição, em Niterói, e forçou a venda do suplemento que trazia, na capa, denúncia contra Gordo, que é ex-presidente da Câmara de Vereadores. Ele é acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de fraudes com verbas da Saúde, em 2005.
O grupo forçou a venda de todos os cadernos “Mais São Gonçalo”, que não pode ser comercializado separadamente e sequer tem preço. O objetivo era impedir que os jornal chegasse completo nas bancas. Os homens perguntaram especificamente pela reportagem sobre Gordo. O grupo também forçou a venda do jornal “O Fluminense”, que trazia a mesma notícia.
Em nota, ele negou que tenha ordenado a retirada dos jornais das bancas e declarou que “a evolução patrimonial decorre de atividades exclusivamente privadas e nem poderiam ter qualquer relação com fatos anteriores a 2007”. Este ano, os bens de Gordo chegaram a R$ 2.723.984,83. Ele é dono de duas casas em São Gonçalo, três apartamentos em Cabo Frio, um em Niterói e três terrenos em Cachoeiras de Macacu. O candidato também declarou ter R$ 40 mil em espécie.
O Ministério Público Estadual informou que a promotoria eleitoral de São Gonçalo recebeu a denúncia do recolhimento dos jornais, e que analisará a questão, e, “se for o caso, instaurará procedimento investigatório”, segundo nota. A promotoria tem a atribuição de propor ações que impliquem cassação de registro ou de diploma.
A denuncia do MPF aponta que ele e três empresários faziam parte de um esquema de falsificação de guias para receber verba do SUS por serviços nunca prestados. O ex-vereador teria recebido um total de R$ 57 mil, em três ocasiões. Eduardo Gordo já havia sido denunciado pelo Ministério Público Estadual. O filho do político, Aristeu Raphael Lima da Silveira, também foi acusado de receber em sua conta propina destinada ao pai.
“Os fatos só vieram à tona às vésperas das eleições, o que denota o mais escuso interesse dos adversários políticos (…). A defesa tem convicção de que a verdade prevalecerá e que a inocência será provada no curso da instrução regular do mesmo”, disse o candidato, em nota oficial, que continua: “É direito do Ministério Público investigar os fatos que entender necessários, como é direito dos acusados exercerem o mais amplo direito de defesa para provarem a sua inocência. O que não se pode é afirmar a culpa de qualquer pessoa sem condenação”.
No início da tarde desta segunda, a assessoria do PMDB de São Gonçalo informou que o candidato Eduardo Gordo seria expulso do partido se ficasse comprovada a participação dele no esquema de desvio de recursos da Saúde.
— É um caso isolado, envolvendo um candidato do partido. Se ficar comprovado, o PMDB vai tomar as providências e até expulsá-lo — afirmou, através de sua assessoria, a presidente municipal da sigla, Graça Matos, vice-candidata à prefeitura na chapa de Neilton Mulim (PR).
No fim do dia, porém, a sigla mudou de posição, e disse que não se pronunciará até a conclusão do processo.
extra.globo.com
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