João Pessoa, 14 de outubro de 2016 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Vaquejadas: podemos marchar em uma nova direção?
Eu quarqué dia Vou-me embora pro sertão
Pois saudade
Não me deixa sossegar
Chegando lá
Visto logo meu gibão
Selo o cavalo
E vou pro mato vaquejar- Luiz Gonzaga, Vida de Vaqueiro
Os vaqueiros trotam no asfalto do Brasil. Ostentam, de suas montarias, uma mistura de surpresa e indignação com a proibição da vaquejada, essa manifestação secular da cultura regional nordestina; valor imaterial já incorporado ao patrimônio cultural do sertanejo.
Caímos do cavalo – se não literalmente, certamente de fato.
E não é para menos.
Não vou, aqui, descer ao mérito legal dessa proibição. É preciso, porém, destacar o significado da vaquejada para o povo nordestino.
Sua prática remonta ao nosso histórico pecuário de pastoreio aberto. Trocando em miúdos, foi tangendo ou reunindo seu gado que o homem do campo se transformou em vaqueiro. E desse destino – geração pós geração – jamais se aparta.
Mais do que significado cultural, a vaquejada tem importância econômica no Nordeste.
Estamos falando da geração de mais de 600 mil empregos diretos e indiretos e do fomento e circulação de renda superior a 800 milhões anuais.
Não se trata de pouca coisa.
Precisamos, pois, separar o joio do trigo. Não se pode colocar as vaquejadas no patamar dos maus tratos registrados em rinhas de galos e farras de boi, por exemplo.
Diferente dessas duas modalidades – com justeza proibidas -, as vaquejadas não são palcos de torturas ou mortes de animais. Muito pelo contrário: o animal é admirado e valorizado pela saúde e vigor.
Devemos levar em consideração, ainda, o amplo esforço que tem sido empreendido no sentido de reforçar as medidas de segurança – tanto para os cavaleiros quanto para os animais.
As regras estão mais rígidas. E o rabo, a parte que é o xis da questão neste conflito, ganhou cuidados especiais com a adoção do protetor de cauda (o chamado rabo artificial).
Como se vê, os avanços estão em curso. E devem continuar marchando em direção não da proibição, mas da regulamentação dessa festividade esportiva tão nossa, tão nordestina.
Esta será minha luta enquanto senador, na defesa de tradições e riquezas que nos traduzem enquanto povo forjado na imensidão dos sertões.
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB
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