João Pessoa, 23 de novembro de 2016 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
O resultado eleitoral pareceu ter premiado o deputado federal Manoel Júnior, eleito vice-prefeito de João Pessoa e com perspectiva futura de ascender ao cargo, em caso de desincompatibilização do prefeito Luciano Cartaxo.Esse é um lado da moeda.
O outro é complexo e cheio de incertezas para o futuro do parlamentar. Entre a decisão de renunciar à Câmara Federal para assumir a vice, a de tentar ocupar os dois ao mesmo tempo ou a de abdicar da posse de vice e ficar com a garantia do mandato de deputado há dúvidas que vão da Capital a Pedras de Fogo.
A escolha não é tão simples, como parece. Embora a tentação da expectativa de poder em João Pessoa mexa com qualquer ego, Manoel tem pesado os efeitos colaterais. Não existe segurança jurídica para o acúmulo dos dois cargos eletivos ao mesmo tempo e nem hã notícia de um só deputado federal que ao mesmo tempo seja vice-prefeito no Brasil.
A Câmara Federal não é a Assembleia da Paraíba que, para se amoldar as conveniências políticas locais, conseguiu conviver com suplentes assumindo ao mesmo tempo uma cadeira na Casa e mantendo suas vagas intactas em Câmaras Municipais, como a de Cabedelo, por exemplo (Arthur Filho). Com um deputado federal e o olhar da mídia nacional em cima, são outros quinhentos.
Renunciar Brasília é um risco acima do razoável para quem, como Manoel, vem sendo citado em investigações da Lava Jato e apareceu muito tempo no pelotão de frente da tropa de Eduardo Cunha, preso em Curitiba, tão logo perdeu a imunidade parlamentar. Manoel estaria disposto a ficar vulnerável aos despachos de Sérgio Moro?
Em contrapartida, descartar a vice é sair completamente do jogo da sucessão de 2018, quando gira em torno de Luciano Cartaxo a hipótese de uma disputa majoritária. Ao tempo que assumir o cargo não garante a Manoel o compromisso da saída de Cartaxo.
Paciente, o peemedebista estuda com cautela todas as variáveis para tomar a decisão mais segura possível, mesmo sabendo que qualquer uma delas implica em riscos. Resta a Manoel avaliar, serenamente, e escolher o menor deles.
No…
Está nas mãos do escritório do advogado Roosevelt Vita, renomado jurista paraibano, o parecer que vai balizar a decisão de Manoel.
…Forno
A equipe estuda todas as nuanças possíveis e entrega o estudo até dia 15 de dezembro, mas já adianta: “A matéria é complexa”.
Por trás das cortinas
Ninguém na Assembleia diz em público, mas todos os deputados entenderam a queda de braços nos bastidores travada dentro da própria base do governo que culminou com a desistência do presidente da Casa, Adriano Galdino (PSB), de transferência da sede do Legislativo. Com o veto do TCE, a prerrogativa da licitação e da condução do processo ficou para o deputado Gervásio Filho (PSB), futuro presidente. Exatamente como setores governistas queriam. E trabalharam. Galdino ainda sofre os efeitos negativos da eleição de Campina Grande e os ruídos na relação com o governador Ricardo Coutinho.
BRASAS
*Pisando em ovos – Do jeito que está desenhado, não será fácil para o prefeito Luciano Cartaxo (PSD) gerenciar o processo da eleição da Mesa Diretora da Câmara.
*Alô – Presidente da Câmara, Pimentel Filho (PSD), e o prefeito Romero Rodrigues (PSDB) se falaram ontem por telefone.
*Tête a Tête – Os dois marcaram encontro pessoalmente para hoje. Na pauta, a discussão da sucessão da Mesa Diretora.
*Queimado – Desgastado entre os colegas, Pimentel resiste ao acordo prévio em torno de Ivonete Ludgério (PSD) e Marinaldo Cardoso.
*Barganha – Ontem, Pimentel comunicou aos colegas que só pode pagar dezembro e décimo terceiro se houver uma liberação de recursos extra da Prefeitura.
FALA CANDINHA!
Homem com H
Dona Candinha sugeriu uma música do conterrâneo Antônio Barros para o dilema do deputado Manoel Júnior: “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”.
PONTO DE INTERROGAÇÃO
O que Durval Ferreira vai fazer para reverter três votos da bancada comprometidos com Marcos Vinicius?
PINGO QUENTE
“O Conde sempre foi tratado como uma fazenda”. Da prefeita eleita Márcia Lucena (PSB-foto), criticando o modelo “coronelístico” de gestão do município litorâneo.
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB
OPINIÃO - 22/11/2024