João Pessoa, 02 de fevereiro de 2017 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
O Brasil está mudando, a exigência dos cidadãos também. Nessa quadra de grandes transformações, a responsabilidade dos agentes públicos aumentou sensivelmente. Quem não tiver essa percepção e insistir em modelos já consagrados como ultrapassados, perde o bonde.
Empossados ontem nas presidências da Assembleia Legislativa e no Tribunal de Justiça, Gervásio Filho e Joás de Brito, respectivamente, assumem com essa tarefa histórica de condução de dois relevantes poderes constituídos em sintonia com os novos tempos. Eles vão pilotar no auge das turbulências e efervescentes inquietações sociais.
Ambos terão que interagir com a população. Um – o Legislativo – como caixa de ressonância dos problemas e desafios de um Estado que tem muito a vencer. O outro – o Judiciário – servindo de desaguadouro das demandas individuais e conflitos sociais.
Para os dois, a receita prudente e recomendada é a da sobriedade. Ontem, para quem prestou bem atenção as falas e seus pontos altos, as posses dos dois deram o tom de como enxergam as áridas missões lhes outorgadas pelos seus colegiados.
Seduzido pela presença de aliados e da “militância girassol”, invocada e afagada tantas vezes em seu discurso, o novo presidente da Assembleia não resistiu a tentação da inspiração eleitoral de um discurso marcadamente partidário e político, marginalizando o papel e a contribuição do Parlamento para a essa nova sociedade que aflora.
Joás de Brito optou por um caminho institucional de exortação da unificação da Corte, sequelada pelas brigas internas de poder, até invocando o Salmo 128, porém alertou especialmente para o protagonismo do Tribunal nesse “momento bastante delicado na vida nacional, onde se sabe que esse Poder é o último esteio de preservação das instituições, a última barricada para que a ordem seja mantida, a última fortaleza da proteção dos direitos individuais, a última trincheira de um país assolado por escândalos políticos”.
Gervásio: nenhuma menção, por menor que fosse, aos seus pares da oposição em tom de fortalecimento do Poder. Joás; na abertura de sua fala, um registro especial e diplomático sobre a importante presença do governador no recinto.
A verdade é que tanto um quanto outro precisarão conviver, por óbvio, com o Executivo, natural formulador dos projetos de governo e principal responsável pela execução dos serviços básicos de suprimento das necessidades da população e das políticas de desenvolvimento social.
Mas, não podem se perder da compreensão e clareza do mandamento constitucional das relações interpoderes, tão vital para o bom funcionamento do aparato estatal. Notadamente distinguindo com espírito republicano e sabedoria uma questão fundamental. Independência não é combustível para o confronto e disputa. E harmonia não pode ser desculpa para submissão e agachamento.
Escalada nacional
Palmo a palmo, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-foto) vai subindo na escada da ascensão política no cenário nacional. A vice-presidência do Senado é mais um degrau desde que assumiu a liderança tucana na Casa e teve notório desempenho no intenso debate do impeachment da presidente Dilma Rousseff. “É uma vitória da Paraíba”, diz.
BRASAS
*Termômetro – Até pétalas girassóis confidenciaram a Coluna que esperavam mais do discurso de Gervásio em sua prestigiada posse.
*Sintonia – As vereadores Sandra Marrocos (PSB) e Raíssa Lacerda (PSD), de bancadas distintas, estavam lado a lado na posse de Gervásio.
*Interiorizando – Marcos Vinicius, presidente da Câmara de João Pessoa, foi a Patos ontem à tarde para visita de cortesia ao prefeito Dinaldo Filho (PSDB).
*Bônus e ônus – “É uma missão importante exatamente pela delicadeza do momento”. Do deputado Pedro Cunha Lima, escolhido para vice-liderança do PSDB na Câmara.
*Acenos – O pronunciamento do governador Ricardo Coutinho, de improviso, foi recheado de gentilezas na direção de Gervásio.
*Tirando onda – Ao ler dona Candinha ontem, deputado mandou mensagem no meio da solenidade de posse de Gervásio com uma pergunta…
*Cutucando – “Se Ricardo trouxe o estetoscópio hoje não vai gostar muito de ouvir a batida do coração de Lígia agora”.
FALA CANDINHA!
Presente à solenidade, Dona Candinha achou o ponto mais interessante da posse a lembrança de Ricardo sobre a provocação que ouvia de Gervásio (pai) sobre a longevidade da oligarquia Maia na Paraíba, com assento na Assembleia desde 1800.
Como sempre, ela não se conteve:
– Quando convém, socialismo e oligarquias conseguem conviver muito bem por aqui.
PONTO DE INTERROGAÇÃO
Depois de ontem, o senador Raimundo Lira continuará entusiasmado a brigar com o comando do PMDB?
PINGO QUENTE
“Eu não conheço um Maia pobre”. Do ex-presidente da Assembleia, Adriano Galdino (PSB-foto), no meio da cerimônia de sua despedida e posse do seu sucessor no comando da Casa.
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