João Pessoa, 22 de fevereiro de 2017 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Gestor que se preze não deve ter compromisso com o erro, como um dia receitou Juscelino Kubitschek. Essa famosa premissa deve encorajar o governador Ricardo Coutinho, famoso pela intrepidez, a abrir o necessário debate de rediscussão do modelo de gerenciamento de água e saneamento na Paraíba.
E essa discussão não pode começar com velhos preconceitos ideológicos, nem muito menos ser empanada pela ultrapassada queda de braço de esquerda e direita, dicotomia totalmente superada nos tempos de hoje.
Mesmo sendo a empresa detentora do monopólio do abastecimento da Paraíba, a Cagepa vive no vermelho e está longe de ser uma excelência na perspectiva do usuário. Recentemente, precisou recorrer a um milionário empréstimo a um banco estatal para tentar se livrar dos juros de outras operações da iniciativa privada.
Não se tem notícia de grandes melhoras no serviço de lá pra cá. Pelo contrário, assistimos quase semanalmente são notas informativas de falta d’água em bairros e cidades da Região Metropolitana de João Pessoa, sempre sob o mesmo discurso técnico de manutenções. Cidades do Interior passam por situações bem mais vexatórias e a estrutura é sofrível.
Talvez seja precoce sentenciar a privatização como alternativa, mas não há mal nenhum em se permitir a um debate a respeito da viabilidade ou não do atual sistema e nem submeter um estudo de cenário de como seria a Companhia nas mãos da iniciativa privada.
E essa conversa tem que passar pelo principal interessado, que não é o atual Governo e nem a oposição. O povo, o consumidor que paga literalmente a conta pelo serviço (ou deserviço), deve ser auscultado. Para começar, que tal um plebiscito, uma consultar popular entre os usuários? Muitos podem ser surpreender com os resultados da avaliação.
Esse debate não merece ser reduzido ao viés político, nem ideológico. Até porque deputados e autoridades, nesse caso, nem sempre dizem no microfone o que acham verdadeiramente no privado. Jogam com a platéia de acordo com a conveniência.
Quem prometeu manter a Cagepa pública na campanha, pode estar seduzido à privatização e quem queria inserir no plano de governo a venda agora aguarda a posição do Estado para se posicionar adversamente só para ter o discurso do confronto.
Esse debate precisa ser feito do ponto de vista do interesse público. O que não dá mesmo é ver a Cagepa continuar vazando recursos e o consumidor pagando a alta conta. Aí sim seria se aliar, só por orgulho, ao erro e assistir, candidamente, o boqueirão do patrimônio público escorrer pelo ralo até o ponto de secar…
Cano furado
Deputado do PMDB, Raniery Paulino (foto) se diz a princípio contrário à privatização, mas quer aprofundar a discussão. Ele é autor de requerimento convidando o presidente da Companhia, Hélio Cunha Lima, para explicar a situação econômica da empresa na Assembleia Legislativa. “Precisamos saber se a Cagepa está de caixa cheia ou vazia”, ironiza.
A coragem de sair do lugar comum
Raoni Mendes (DEM-foto) é o primeiro deputado a enfrentar e mostrar, sem receios, aspectos positivos da possibilidade de privatização da Cagepa. “Se pegarmos o exemplo da telefonia veremos o avanço. A pergunta é: o atual modelo de água e esgoto da Paraíba está o ideal? Há no Brasil uma cultura do acomodação do serviço público. Esse debate não pode ser de oposição e governo. É um debate do interesse público”, prega, esclarecendo; “Essa é uma opinião pessoal”.
BRASAS
*Distorção – A família Feliciano não gostou da forma como Manoel Júnior (PMDB) expôs civilizada ligação do deputado Damião Feliciano (PDT), parabenizando pelo aniversário do prefeito em exercício.
*Vela – Com agenda lotada, Manoel não teve tempo de fazer grandes comemorações. No máximo, um bolo no meio da reunião com secretários.
*Relâmpago – Sem discussão, vereadores, da bancada da oposição e do governo, aprovaram de um só fôlego a licença do prefeito Luciano Cartaxo, superior a 15 dias.
*Prioridade – O Tambiá Folia, bloco que estimula há décadas, tomou quase o tempo inteiro do presidente da Câmara, Marcos Vinicius (PSDB), nos últimos dias.
*Divergência – Não foi consensual a permanência da deputada Estela Bezerra (PSB) no comando da CCJ da Assembleia.
*Quebra de acordo – Anísio Maia (PT) tinha promessa de ser o próximo presidente da CCJ e chiou.
FALA CANDINHA!
Furada
Dona Candinha, direto ao assunto da Cagepa:
“Na Paraíba, chega e sai Governo e o consumidor entra pelo cano”.
PONTO DE INTERROGAÇÃO
Qual é o tamanho do buraco das contas da Cagepa?
PINGO QUENTE
“Eu não vou morrer por isso”. Do deputado Anísio Maia (PT-foto), sobre a quebra de acordo no rodízio da CCJ da Assembleia.
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TURISMO - 19/12/2024