João Pessoa, 03 de março de 2017 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
“Nesta terra, em se plantando, de tudo dá!” – trecho da carta de Pero Vaz ao rei Dom Manuel de Portugal
Quem nasceu em berço não muito esplêndido – assim como eu e milhões de brasileiros – sabe da importância da agricultura familiar.
Em muitos lares do País, ela continua fazendo a diferença entre a fome e a presença do alimento na mesa – exatamente como fez na mesa da minha família, que dependia quase exclusivamente do que a terra generosamente ofertava, mesmo maltratada pelos ciclos constantes de seca.
Nesta terra em que se plantando de tu dá – conforme relatou Pero Vaz à corte portuguesa ao aportar no “novo mundo” – os pequenos plantios, essencialmente concentrados nas culturas de subsistência, nutriu (e continua a nutrir) gerações inteiras de brasileiros.
Certamente é responsável pela nutrição – corpo e alma – dos sonhos que arranquei da terra que alimenta a fé e a esperança do sertanejo.
Obviamente, naquele tempo não tínhamos a percepção ampla do impacto social que a agricultura familiar produzia e ainda segue produzindo no País.
O termo, cunhado somente em 1990, deu início a um conjunto de ações que alteraria a dinâmica social do setor rural, culminando seis anos depois na criação do Pronaf, o programa nacional de fortalecimento da agricultura familiar – provendo crédito e apoio institucional a milhões de brasileiros que, historicamente, sempre foram alijados das políticas públicas.
A valorização da agricultura familiar também realimentou o interesse nacional em relação ao setor rural, viabilizando uma série de pesquisas científicas e sociais focadas na sustentabilidade dos campos do País.
Sem esse olhar para o pequeno agricultor, certamente teríamos metrópoles ainda mais inchadas de gente a procura de trabalho e de alimento. E não teríamos conquistado, enquanto nação, papel tão estratégico dentro do mercado internacional de commodities.
Costuma-se dizer que a agricultura familiar alimenta os brasileiros. E a intensiva, movida a alta tecnologia, alimenta o mundo – o que dá ao Brasil, com justiça, o título de celeiro do planeta.
Chegou a vez dos sertões esturricados do Nordeste também se inserirem nesse ciclo virtuoso – uma possibilidade concretamente acenada a partir da oferta da água perene da transposição.
Com nossos sonhos devidamente irrigados, vamos mostrar ao Brasil a verdade contida na sentença inquestionável, que atesta:
O sertanejo é sobretudo um forte!
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