João Pessoa, 09 de março de 2017 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Ao longo da costa do Caribe, na América Central e até no sul da Flórida , uma árvore bonita, geralmente com frutas amarelas que lembram maçãs, de aparência inofensiva, é na verdade uma das árvores mais perigosas do mundo e a mais mortal na América. Conhecida como “pequena maçã da morte”, não apenas a ingestão da fruta dessa árvore pode ser letal, como até o toque em folhas ou no tronco pode causar intoxicação, segundo alertam os pesquisadores Michael G. Andreu e Melissa H. Friedman, da Universidade da Flórida, em um guia de alerta sobre a espécie.
De acordo com o naturalista e botânico Roger Hammer, autor de diversos livros sobre a flora na Flórida, existem casos de marinheiros que ingeriram a “maçã da morte” e tiveram inflamações e feridas na boca, assim como problemas severos no estômago e aparelho digestivo. A seiva da árvore, branca e leitosa, pode até causar cegueira temporária se entrar em contato com os olhos. Os nativos do Caribe utilizavam a substância em pontas de flechas para ataques. Acredita-se que essa foi a “arma” que matou o explorador espanhol Juan Ponce de Leon em sua segunda visita à Flórida, em 1521.
A mancenilheira provoca dermatites e feridas na pele, sua fumaça pode danificar a córnea e a seiva danifica até pintura de automóveis. Embora não haja casos de morte registrados recentemente, a ingestão da fruta pode ser fatal. Entre os sintomas conhecidos, estão hemorragia estomacal, infecção e comprometimento das vias aéreas. A pesar do alto nível de toxicidade, a ávore é fonte de madeira para carpinteiros há séculos. O tronco precisa ser cortado e deixado sob o sol para que a seiva seque. Uma goma feita da casca pode ser empregada para tratamento de edema e os frutos secos são usados como diuréticos.
Cientistas desconhecem a substância exata que torna a seiva dessa árvore tão venenosa.O efeito se aplica para a maioria dos mamíferos, o que torna a disseminação da espécie mais complicada. As iguanas demonstraram certa resitência ao veneno e são responsáveis por espalhar parte das sementes da mancenilheira, porém, segundo Hammer, o animal não é nativo do sul da Flórida e os poucos que vivem na região foram introduzidos pelo homem. De acordo com o botânico, a árvore conta mais com a água do mar para o processo de gerar novas plantas.
A mancenilheira é da família Euphorbiaceae, que inclui 4.100 espécies de plantas, todas com seiva tóxica, algumas usadas com propósito laxativo. A árvore chega a 15 metros de altura e costuma estar presente próximo ao mar. Na Flórida, a espécie está ameaçada e pode ser encontrada apenas em alguns parques, como o Parque Nacional de Everglades, e em ilhas como Elliot Key e Key Largo. As mancenilheiras são cercadas por avisos de perigo.
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