João Pessoa, 02 de maio de 2017 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Cerca de 90 mil pessoas viram no último sábado o britânico Anthony Joshua fazer história no boxe. Ele venceu Wladimir Klitschko e unificou três cinturões dos pesos-pesados, aumentando sua trajetória perfeita para 19 vitórias em 19 lutas. Mas até chegar a esse auge, AJ, como é conhecido, chegou a ser preso por posse de droga e brigas e precisou mudar radicalmente de vida. Deu certo. De pedreiro, ele se tornou uma estrela do esporte.
A maior derrota de Joshua aconteceu em março de 2011, quando ele foi preso por portar mais de 200 gramas de maconha. Escapou da prisão em regime fechado, mas pagou 12 meses de trabalho comunitário. Faltava pouco mais de um ano para a Olimpíada de Londres e ele havia sido afastado do boxe. O sonho olímpico ficava mais distante.
“Conversei com os dirigentes e abri o jogo. Eles sabiam que eu tinha cometido um erro, mas que aquilo não me definia. Cheguei para os amigos e avisei que o boxe era minha vida, então eu não fui mais a festas, não bebi mais, nem fumei. Era tudo ou nada. Fui do tribunal para o esporte”, resumiu ele.
No ano seguinte, Joshua sofreu na estreia, mas realizou seu sonho: conquistou a medalha de ouro. A mesma que, em 2010, fez com que ele recusasse cerca de R$ 400 mil para se tornar profissional. Desde que chegou ao boxe, o britânico sonhava com a medalha.
O boxe, inclusive, foi a forma que Joshua encontrou para driblar o tédio. Ao se mudar com sua mãe para Londres, ele se viu longe dos amigos. O garoto humilde que trabalhava como pedreiro e até pensava em seguir carreira no ramo da construção estava desocupado na capital inglesa.
“Trabalhava como pedreiro porque o dinheiro era bom e era um trabalho externo, o que eu gostava. Estava aprendendo bem a profissão e começando meu negócio próprio, mas a mudança para Londres foi importante. Entrei no boxe para fugir do tédio”, contou ele à BBC.
O garoto que já havia brilhado no atletismo (fez os 100 metros rasos em 11,6 segundos) tinha encontrado um novo esporte. A Olimpíada de Londres mostrou que Joshua era mais que uma promessa. O profissionalismo se tornou uma realidade e ele estreou nesse novo boxe em 2013.
Desde então, foram 19 lutas e 19 vitórias, todas por nocaute ou nocaute técnico. A energia gasta em brigas de rua e festas agora estava canalizada para o par de luvas. No último sábado, foi o ucraniano Klitschko quem sentiu isso. Um dos mentores do britânico, Klitschko foi vítima do potencial que ele já conhecia.
“O futuro dos pesos-pesados pertence a Joshua. Nunca vi um atleta tão grande, rápido e talentoso como Anthony. E se ele continuar nesse caminho de evolução, o futuro pertence a ele”, disse Klitschko em 2014. Três anos depois, o futuro se tornou presente. E o garoto que já foi pedreiro e adotou o xadrez como forma de melhorar sua estratégia é atualmente uma realidade. E das mais vencedoras.
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